sexta-feira, 20 de março de 2009

Uemura, Laercio


“Não há alegria maior do que ver a amizade e carinho que meus filhos demonstram para com os meus pais. É gratificante saber que o exemplo dado por eles reflete em nossos filhos...”
(Laercio Uemura)


“Em relação aos meus pais, quero ressaltar que servem de exemplo de dignidade para todos nós, pois representam a base da nossa família, cujos fundamentos são: viver em harmonia, respeito mútuo e principalmente muito amor...”

(Laercio Uemura)



O pequeno Itaru Uemura chegou ao Brasil no colo da mãe Hatsumi. Ela e centenas de imigrantes viajaram a bordo do Kamakura Maru em busca de uma vida melhor. Tinham planos de no Brasil conquistar prosperidade e retornar para o Japão. O navio aportou numa manhã fria de 1929, trazendo o clã Uemura, que deixou sua residência na rua Shoua Nishintiou n.º 14, na cidade de Yatiro-shi, Província de Kumamoto-Ken, cuja capital tem o mesmo nome, localizada na região central da ilha Kyushu e conhecida por seu Monte Aso, o maior vulcão ativo do mundo. “Meu pai, Itaru Uemura, nasceu naquele mesmo ano, em 1929. Quando imigraram para o Brasil, veio no colo da minha avó, era um bebê, o caçula de sete irmãos nascidos no Japão: Asse, Kazuo, Missao, Manabu, Toshiaki, Teruo e Toshio. Aqui chegando a família foi trabalhar na zona rural, na região Mogiana. Trabalharam duro na fazenda de café onde permaneceram durante três anos.” Quem conta é Laercio Uemura, filho de Itaru, e que se recorda das histórias relatadas pelos pais. “Meu pai se mudou para Araraquara. Depois de alguns anos de muita economia, meu avô, Hikochiti Uemura, comprou terras na região de Marília, também no interior paulista. Eles permaneceram no Patrimônio de Mesquita trabalhando no cultivo de algodão. A família Uemura cresceu, com a chegada de Fumiko, Fussako, Yoshico, Sueko e Mineko, num total de 13 filhos. Meus avós adquiriram um sítio maior na região Oriente, chamado Jatobá, onde desenvolveram a lavoura de café, arroz, milho, feijão e outros”, conta.
Visando dar aos filhos boa escolaridade, o imigrante Hikochiti, já melhor financeiramente, enviou o filho Itaru e o irmão mais velho Toshio para estudarem em Marília, no regime de semi-internato, na escola Nipaku Gakou. “Meu pai foi trabalhar numa farmácia. Após 5 anos de experiência, meu avô abriu a própria farmácia para o filho, na cidade de Rolândia, em 1950. Chamava-se Farmácia Marilândia, onde ele dedicou 25 anos de sua vida, sempre encorajado pela minha mãe. Depois meu pai mudou de atividade, abrindo um comércio em Maringá, onde permaneceu durante 15 anos.” O avô paterno faleceu em 1951 e a avó em 1970.
A família de Suma Uemura é de Nigata-Ken. O pai de Suma, Heijo Utiyama, desembarcou no Porto de Santos em novembro de 1924. “Meu avô materno, Heijo, veio para o Brasil, moço e já casado com Suyo Sossuni, na companhia de meus bisavós. Foram trabalhar na lavoura e depois de alguns anos mudaram-se para Avaré, no interior de São Paulo. Minha mãe nasceu na cidade de Monção, em 1930. Logo depois minha avó Suyo faleceu. Posteriormente meu avô casou-se com Miyo ( irmã de Suyo), que vinha de Hokaido-Ken. Meus avós tiveram 4 filhos: Suma (minha mãe), depois Massami, Massatoshi e Mário. Eles residiram em Marília onde meu avô trabalhou na empresa japonesa Brascotto”, conta.
Em meados de 1948 a família veio para o Norte do Paraná e, em Rolândia, atuou no comércio, como proprietária de dois supermercados. O avô materno faleceu em 1980 e a avó em 1986. Itaru e Suma Uemura casaram-se em 20 de abril de 1952, em Rolândia, onde tiveram dois filhos, Edno e Laercio.
Edno Uemura nasceu em 1954 e faleceu em 1997. Professor de Educação Física e diretor de escola, casou-se com Nilza Yurika Nakashima com quem teve três filhos: Ana Paula, Marcos Eduardo e Juliana. São filhos de Marcos: Eduardo Vinicius (Dudu), Tiago Henrique, Gabriela e Isadora. São filhos de Juliana: Rafaela, Tainá e Leandro.
Laercio Uemura nasceu em 1961, é médico cardiologista, casado com Elizabete, fisioterapeuta, filha de Paulo e Merian Shimazaki, também descendente de japoneses por parte do pai. Tem dois filhos: Paulo Vinícius e Thaís.
Itaru e Suma têm cinco netos e sete bisnetos. Depois de muitos anos de trabalho, agora aposentados, eles desfrutam de uma vida mais tranqüila, morando com o filho Laercio e a nora Elizabete. Suma é conhecida por “vó Norminha”, para os íntimos, convive com a meiguice da neta Thaís. Esporadicamente desfruta do convívio com a neta Ana Paula e o bisneto Dudu, que residem em Curitiba. “Já o vô Itaru, como é carinhosamente chamado por todos, desfruta do companheirismo do neto Paulo, quer seja na sua habilidade de cozinhar ou para uma boa pescaria. Assim vive a família Uemura. A história da minha família representa o cotidiano da vida dos primeiros imigrantes que chegaram ao nosso País, fazendo parte dos anônimos que ajudaram no seu desenvolvimento. Uma história de dificuldades, de conflito de costumes, porém de muita perseverança. Tenho orgulho da minha família, pois tudo que conquistei foi através do aprendizado que tive com os meus ascendentes. Tenho muita gratidão a Deus porque ainda posso desfrutar do convívio dos meus pais, junto a minha esposa e filhos”, conclui.

3 comentários:

  1. Que linda trajetória de vida... Um exemplo com certeza. Edno Uemura foi meu professor no antigo ginásio, e também diretor da mesma escola, onde fez a diferença, muitas mudanças para melhor, bem melhor... um homem íntegro que tenho certeza que alguns da minha geração ainda guarda os bons conselhos que ele nos dava. Também tive a oportunidade de reencontrá-lo em Curitiba algumas vezes, onde foi buscar recursos para a melhoria da Escola Kennedy em Rolândia, hoje colégio... Os frutos de uma boa educação que ele recebeu e repassou também para nós, seus alunos. Sr Laércio, muito obrigada por compartilhar essa linda caminhada...

    ResponderExcluir
  2. Que linda trajetória de vida... Um exemplo com certeza. Edno Uemura foi meu professor no antigo ginásio, e também diretor da mesma escola, onde fez a diferença, muitas mudanças para melhor, bem melhor... um homem íntegro que tenho certeza que alguns da minha geração ainda guarda os bons conselhos que ele nos dava. Também tive a oportunidade de reencontrá-lo em Curitiba algumas vezes, onde foi buscar recursos para a melhoria da Escola Kennedy em Rolândia, hoje colégio... Os frutos de uma boa educação que ele recebeu e repassou também para nós, seus alunos. Sr Laércio, muito obrigada por compartilhar essa linda caminhada...

    ResponderExcluir
  3. Que história linda! Eu acho que somos parentes pq minha mãe falava muito tbm que o meu avô o pai de minha mãe era de Kyushu Goro Uemura e foi um dos primeiros imigrantes . Eles moravam em Mogi das Cruzes. Um dia quero ir lá no Japão para conhecer a terra deles

    ResponderExcluir