sexta-feira, 20 de março de 2009

Yagui, Noboru


“Meu avô fez parte da tripulação do Kasatu Maru. Com ele veio a ilusão de se viver num Brasil que proporcionava prosperidade e riqueza. Teve que se adaptar a um país de idioma, costumes, clima e tradição completamente diferentes.”
(Noboru Yagui)

“Amo o que faço. A acupuntura te dá uma visão mais ampla, tem uma filosofia diferenciada. A oftalmologia exige um trabalho direcionado. Mas ambas se completam.”
(Noboru Yagui)



Foi em junho de 1908 que o jovem Isekiti Yagui iniciou uma longa viagem, mergulhado em sonhos de prosperidade, assim como cerca de 800 imigrantes japoneses que, do Porto de Kobe, embarcaram no navio Kasatu Maru.
Isekiti fazia parte da tripulação - uma situação mais favorecida que as dos próprios imigrantes - e também deslumbrava uma melhor condição de vida no “Novo Eldorado” ou na fantástica “terra de árvores de frutos de ouro”. Foram 52 dias de viagem reunindo 781 imigrantes vinculados ao acordo imigratório entre Brasil e Japão, além de 12 passageiros independentes.
A chegada, em 18 de junho de 1908, de todos esses japoneses foi o primeiro resultado desse contrato. Isekiti, assim que desembarcou em Santos, juntou-se aos viajantes e após rápida passagem pela Hospedaria dos Imigrantes, em São Paulo, foi enviado para uma fazenda no interior do Estado.
Proveniente da cidade de Furue, na Província de Kagoshima - atualmente com uma população de 550 mil habitantes e historicamente como a porta de entrada ao Japão, por onde chegaram os primeiros comerciantes e missionários vindos da Penísula Ibérica -, o jovem Isekiti Yagui deixava para trás os familiares e amigos para conviver num país distante com as lembranças de sua infância e mocidade.
No interior de São Paulo, trabalhando na lavoura, Isekiti enfrentou um duro período de adaptação. E tinha como consolo as recordações dos costumes do seu povoado e as histórias que rondavam o vulcão no Monte Kaimon, até hoje a grande atração turística da Província de Kagoshima. No Brasil, ele iniciava uma longa história.
Isekiti casou-se com a jovem Yoshi e fixou residência em Lins (SP). Tiveram filhos e dali nunca mais saíram. Assim como a maioria dos imigrantes japoneses, tiveram que se adaptar a um país de idioma, costumes, clima e tradição completamente diferentes. E com a “falsa” imagem do Brasil vendida lá fora de que aqui tudo seria próspero.
O casal teve 3 filhos: Paulino, Torao e Nae. Paulino casou-se com Teruko Horinouti (esta chegou ao Brasil com 7 anos de idade, em 1910, na segunda leva de imigrantes). Filha de Shinzaemon Horinouti e Hatsuzuru Horinouti, deu à luz a Mitsuko, Massao, Hitoshi, Koiti, Shoiti, Itsuo, Noboru e Yukimi.
O médico oftalmologista e acupunturista Noboru Yagui é neto do pioneiro imigrante Isekiti. Formou-se pela Escola Paulista de Medicina, no ano de 1977, e especializou-se em oftalmologia em 1980, quando através de uma bolsa de estudos partiu para o Japão. Na Universidade de Kagoshima fez especialização em oftalmologia e aproveitou a oportunidade para buscar suas raízes. Encontrou-se com primos diretos, pois sua mãe, Teruko, tinha deixado no Japão a irmã mais velha já que a intenção era o retorno breve ao Brasil. Sonho este realizado após 70 anos. “A maioria dos imigrantes que aportaram no Brasil vinha com o intuito de voltar ao Japão. Eles imaginavam um Brasil diferente, cheio de prosperidade e oportunidades’’, comenta Noboru.
Depois de um ano na Universidade de Kagoshima, o médico procurou o maior centro para apresentação de professor catedrático da Universidade e foi aceito para o estágio no Shugita Eye Hospital, com quem mantém estreito laço de amizade até hoje. “Fui tratado como um filho pelo dono do Serviço, Dr. Shinitiro Sugita, quando tive a oportunidade de conhecer a Medicina Tradicional Chinesa, a acupuntura. Gostei tanto que dei continuidade aos estudos na Unifesp – Escola Paulista de Medicina, quando a acupuntura passou a ser reconhecida pela Sociedade de Medicina Brasileira como especialidade médica”, ressalta. É enfático ao elogiar ambas as especializações, ao afirmar que completam.
Apaixonado pela arte e prática oriental, o médico é adepto do Tai Chi Chuan, não deixando de praticar todas as manhãs, antes de se dirigir ao consultório. “Aconselho as pessoas a praticarem. O Tai Chi Chuan tem se tornado um grande aliado na complementação terapêutica para o fim de problemas físicos e emocionais”, observa. Além disso, Noboru tem outra grande paixão, o golfe. Capitão do Londrina Golf Club, é um dos sócios fundadores do clube. No final da década de 1970, morava no Japão e veio para Londrina. Sentiu tanta falta de um local próximo para jogar que, junto com outros golfistas, construiu o LGC. “A idéia de fundar o clube veio da dificuldade que tínhamos para jogar, pois o campo mais perto era no interior de São Paulo, na cidade de Bastos, a 220 quilômetros”, relembra.
Noboru é casado com Rute Itimura Yagui com quem teve dois filhos: João Paulo e Fernando. Rute é secretária do pai, o agropecuarista João Itimura. João Paulo cursa Direito na UEL e Fernando quer seguir a carreira do pai. Noboru ainda exerce a função de coordenador na Central de Transplante de Órgãos do Norte do Paraná no setor de Córnea. E é responsável pelos transplantes de córneas feitos no Hospital de Olhos de Londrina.

2 comentários:

  1. Olá Meu Nome é Macio Yagui, será que somos parentes. Meu vo se chama Noboyuki Yagui e veio do Japão, minha vó Matame e morou em Lins.

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  2. Ola me chamo Gabriel Yagui, o nome do meu vô era Torao Yagui

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