segunda-feira, 23 de março de 2009

Inada, Eduardo


“Meus pais vivenciaram uma história de luta e trabalho para me criar em tempos difíceis, desafiando costumes, idioma e tradição. Hoje tenho o prazer de tê-los ao meu lado, morando comigo, podendo oferecer-lhes uma vida tranqüïla e de qualidade.Se tive condições de estudar e me tornar um bom profissional, devo muito a eles.”
(Eduardo Inada)




Endiro Inada tem 92 anos e veio imigrante para o Brasil com 12 anos. Quicue Inada tem 87 anos, é nascida no Brasil. O casal mora com o filho, o médico Eduardo Inada, e diariamente faz a sua caminhada pelas ruas tranqüilas do elegante condomínio Royal Golf.
A história do casal Inada, no Brasil, começou em 1928, quando ele deixou o Japão e aqui aportou na manhã fria de 16 de junho de 1928. “Nós deixamos o Porto de Kobe em 21 de abril de 1928, a bordo do navio La Plata Maru. Meus pais resolveram vir para o Brasil devido a problemas familiares”, relata o imigrante Endiro.
Kio e Sensuke Inada, pais de Endiro, tinham uma vida próspera e boa no Japão até o tio colocar tudo a perder. “Até os meus 7 anos de idade nós vivíamos muito bem. Meu pai chegou a servir o exército japonês e trabalhou na agricultura. Eu tive 5 irmãos, sendo que 3 nasceram no Brasil. Quando aportamos no Brasil começou uma vida de trabalho árduo na região de Araraquara (SP), na Fazenda Glória.Trabalhamos na colheita de café e não tinha descanso. Era de sol a sol, sábado, domingo, todos os dias. Uma vida de muito trabalho, de muita luta. Um dia, meu pai caiu da escada e quebrou a mão. Ficou muito tempo parado e aí, éramos eu e meu irmão para dar conta de 5 mil pés de café. Não foi fácil”, conta.
Na Fazenda Glória a família ficou durante 1 ano e 8 meses. De lá foram para Promissão, onde permaneceram durante 22 anos. “Meu pai morreu em 1941, com 52 anos, na Fazenda Barra Mansa. Apesar de trabalhar na enxada, eu procurei estudar e progredir. Fiz curso de contabilidade por correspondência e sempre fui muito trabalhador e responsável. Nós viemos para o Paraná em 1952. Já estava casado com Quicue e tinha o Eduardo pequeno. Em Bela Vista do Paraíso assumimos uma fazenda de 500 alqueires, onde eu cuidava da administração e da contabilidade’’, conclui Endiro.
Quicue Inada é uma simpática senhora, falante, lúcida, professora primária aposentada. Seus pais são de Hiroshima. Perdeu a mãe, Quoito, com 14 anos. “Meu pai, Rikio Sakuda, casou-se novamente e eu tive 6 irmãos. Fui professora primária do ensino fundamental na zona rural e dava aulas na própria fazenda onde morava. Em 1985 a fazenda foi vendida e nos mudamos para Londrina. Aqui, moramos inicialmente no centro e dei aulas no Kumon até cerca de um ano, quando parei por problemas de saúde. Mas sinto falta de ensinar. Era o meu maior prazer”, relata.
O único filho do casal, Eduardo Inada, é casado com Marina e tem três filhos: Denise, que é dentista, Daniel, médico, e Cláudia, administradora de empresas. “Me sinto privilegiado, pois meus pais sempre procuraram-me dar bons estudos. Cursei o colegial no Colégio Salesiano, em Lins, e me formei em 1972, na primeira turma do curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina. Gosto de ter meus pais comigo. Apesar de bem idosos, participam do dia-a-dia na casa, são lúcidos. A gente sempre acaba aprendendo com eles. Meus pais são católicos praticantes. Sou da quarta geração da família Inada que teve início em 1830. E nossa história tem que ser preservada a cada geração”, conclui Eduardo.

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