segunda-feira, 23 de março de 2009

Kuwahara, Reinaldo Minoru


“Meu maior prazer é conhecer, pesquisar, estudar. Isso me motiva. A Medicina é a minha grande paixão.”
(Reinaldo Minoru Kuwahara)


“Tenho boas lembranças da minha infância em São Paulo, trabalhando com meu pai... Eu gostava de fazer pacotes de presente na loja e de ficar com ele observando o comércio. Mas queria mesmo era ser médico.”
(Reinaldo Minoru Kuwahara)




Foi em meados de 1930, mais de uma década antes do Japão viver a tragédia da bomba atômica, que a família Kuwahara resolveu partir de Hiroshima em busca da terra prometida. A dificuldade foi compartilhada por centenas de famílias que embarcaram no “vapor” desde a vinda dos primeiros imigrantes, em 1908. Ainda assim, os pioneiros estavam esperançosos. Em sua maioria agricultores pobres, os imigrantes acreditavam que o Brasil era o país onde o “dinheiro brotava das árvores”. Mas o desembarque no Porto de Santos mostrou outra realidade, que ficou registrada na memória de imigrantes, filhos e netos. Muitos nunca mais retornaram ao Japão, deixando para trás familiares e amigos para realizar o sonho de uma mudança de vida.
Shigeru Kuwahara desembarcou no Brasil aos 12 anos. Acompanhado dos pais, Buishi Kuwahara e Hisano Kuwahara, foi trabalhar na lavoura no Estado de São Paulo. Tornou-se agricultor, casou-se com Tomoko e tiveram 4 filhos. Em Santa Cruz do Rio Pardo começaram a vida e, em meados de 1956, a família mudou-se para a capital de São Paulo, onde iniciou a vida no comércio. “Meu pai alugou um pequeno espaço na rua 11 de Agosto, próximo ao Fórum. Começou a vender relógios, pulseiras de couro, canetas. Em 1961 alugou uma loja maior na Praça João Mendes e instalou a Relojoaria Kuwahara. E está lá até hoje”, lembra o filho mais velho Reinaldo Minoru Kuwahara, que conheceu a cidade grande aos 2 anos de idade. “Eu era muito criança quando me mudei para São Paulo, mas tenho boas recordações. Comecei a ajudar meu pai aos 9 anos, levava a marmita que minha mãe preparava e ajudava nos pagamentos das contas da loja. Estávamos sempre juntos”, diz. Ele também se recorda da história de garra dos antepassados. “Meu avô foi militar da primeira guerra mundial. Lutou na Indochina. Só depois é que veio com os filhos para o Brasil.”
Foi em 1976 que Reinaldo ingressou no curso de Medicina na Universidade Estadual de Londrina. “Quando cheguei em Londrina fui morar numa pensão na Avenida São Paulo, bem ao lado de uma funerária. Era uma pensão masculina e lá permaneci durante 6 meses. Na faculdade fiz boas amizades. Eu e mais cinco alunos de medicina resolvemos morar juntos numa “república” e lá permanecemos até nos formarmos em junho de 1982.” Especializou-se em pediatria, cirurgia geral e cirurgia pediátrica na UEL, e de 1989 a 1991 esteve na Universidade de Tókio, onde cursou especialização em cirurgia reconstrutora e microcirurgia. “Quando terminei minha especialização em cirurgia pediátrica, tinha como objetivo estudar e aprender técnicas cirúrgicas que eram pouco conhecidas no Brasil, surgindo assim a opção de fazer uma especialização no Japão – mais precisamente na Universidade de Tókio – onde havia a possibilidade de me aprofundar nos estudos sobre microcirurgia. Fui aprovado no processo de seleção para Bolsa de Estudo do Ministério da Educação do Japão (“Monbusho”), através de seu Consulado no Brasil, e lá permaneci durante 2 anos e, sem dúvida, foi um grande aprendizado”, revela.
Reinaldo é um estudioso. Nunca se dá por satisfeito. Além de cirurgião pediátrico e especialista em cirurgia reconstrutora e microcirurgia, também fez especialização em perícia médica. Atualmente é diretor clínico do Hospital Infantil Sagrada Família, médico do Hospital Evangélico e médico cirurgião no recém-inaugurado Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Universitário em Londrina. “Adoro estudar e pesquisar. Estou sempre querendo aprender algo novo para poder oferecer o melhor ao paciente”, comenta. Casado com a fonoaudióloga Suely Terumi Sasaki Kuwahara, tem um filho, Eduardo, 15 anos. A família costuma se reunir para churrascos com os amigos. “Saio pouco, gosto de amenizar o “stress” do dia-a-dia inventando um prato diferente na cozinha, apreciando um bom filme e fazendo caminhadas porque não sobra muito tempo para outros exercícios. Mas fui jogador de beisebol e de tênis de mesa. Cheguei a ser goleiro de futebol de salão, mas hoje estou fora de forma (risos). O tempo que tenho é destinado ao que mais gosto de fazer: estudar e aprender. E o restante para descansar e curtir a família”, conclui. Reinaldo é irmão de Osvaldo Wataru Kuwahara, Roberto Hidechi Kuwahara e Renato Hosamu Kuwahara.

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