segunda-feira, 23 de março de 2009

Shimizu, Liliane


“Quando eu tinha 6 anos retornei a bordo do vapor Brasil Maru ao Japão com a minha avó materna. Meus pais ficaram no Brasil. Depois de um tempo na Província de Yamaguchi, retornei a bordo do navio America Maru. São recordações que ainda estão na minha memória.”
(Iwao Kiosen Shimizu)




Fugie e Yukiti Shimizu conheceram-se no Brasil, no interior de São Paulo. Ambos eram imigrantes e tinham vindo para o Brasil no mesmo ano, em 1929. Yukiti tinha 22 anos e era da Província de Ehime-Ken. Trabalhava com pesca e lavoura e deixou o Japão almejando ganhar dinheiro e retornar à pátria assim que fosse possível. “Meu pai veio para o Brasil com dois irmãos. Os meus avós ficaram no Japão. Porém, meu pai só foi rever os pais 24 anos depois. Eu nasci em Cravinhos, em 1933. Meus pais davam duro na lavoura. Em 1940 eu retornei com a minha avó materna Tome para o Japão, a bordo do vapor Brasil Maru. Foi uma aventura, afinal eu tinha 7 anos. Fiquei muitos anos no Japão antes de retornar pela segunda vez ao Brasil”, conta Iwao Kiosen Shimizu, filho do casal imigrante.
O casal Shimizu estabeleceu-se primeiramente no interior paulista e depois veio para o Norte do Paraná. “Meus pais foram morar em Jataizinho e tiveram 7 filhos: Kiyoe, Akira, Mitsue, Issamu, Issao, Tomoe e Iwao. Eu fiz curso de estaleiro, de técnico em estaleiro e construção naval. Permaneci em Santos um tempo e depois retornei ao Paraná. Abri uma oficina recuperadora e de manutenção, em Londrina”, conta Iwao que se casou com Fatumi e teve 4 filhos: Jorge, Newton, Liliane e Jacqueline. E uma neta, Mariana, com 11 anos.
Iwao lembra-se bem da época em que viveu com a avó materna no Japão, quando foram surpreendidos pela 2ª Guerra Mundial. “Minha avó tinha 54 anos e se virou sozinha. Cuidou de mim. O militarismo tinha tomado conta de tudo e nós passamos por grandes apertos. Mas a minha avó foi exemplo de vida para mim. Mulher corajosa. O que aprendi, devo muito a ela. Costumo dizer que mulher sempre na hora “H” sabe o que fazer. Diferente do homem. A mulher é mais corajosa, mais valente”, completa.
Até hoje Iwao trabalha na Oficina Shimizu. Os finais de semana são destinados à família. “Fazemos questão de estar juntos. E nos almoços têm que ter comida japonesa e brasileira. A gente preserva algumas tradições, mas também já incorporamos hábitos tipicamente brasileiros”, conclui.

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