segunda-feira, 23 de março de 2009

Ogama, Mário


“Minha mãe foi muito forte, uma guerreira. Separada, ela criou os filhos sozinha. Nos deu estudo e é exemplo de dignidade, honestidade e trabalho. Ela faleceu em 2000. Tenho muito orgulho de ser seu filho.”
(Mário Ogama)




Honestidade, trabalho e educação, esse o legado deixado pelo patriarca Hichizo Ogama, que imigrou para o Brasil no dia 11 de maio de 1929, deixando suas origens na vila Hatsukura, no distrito de Suguihara, Província de Totomi, Estado de Shizuoka, no Japão.
Era uma manhã gelada de 30 de julho de 1929 quando o navio Wakasa Maru aportou em Santos trazendo centenas de imigrantes em busca de melhores condições de vida. Entre eles, Hichizo, terceiro filho de Hosaku, 18ª geração da família Ogama. Aos 18 anos de idade ele havia sido convocado para a guerra russo-japonesa (06/02/1904 - 05//09/1905) e após ser dispensado trabalhou durante 16 anos na Companhia Ferroviária do Sul da Manchúria. “Meu avô, ao imigrar, trouxe recursos, porém perdeu tudo, principalmente porque não costumava recusar pedido de empréstimo de patrícios. Ele esteve durante 8 anos em Petrópolis e depois mudou-se para Bauru, onde era editado o jornal São Paulo Shimbun. Costumava trocar idéias com o diretor do jornal, Sr. Koyama, e nas horas vagas desempenhava papel importante na Associação Japonesa, sendo inclusive professor do idioma japonês. Meu avô foi grande propulsor de “sumô” e Bauru viu o primeiro campeonato graças aos seus esforços.” Quem relata é o protético Mário Ogama, com 40 anos de profissão, residente em Londrina, casado com Ivanir Maria Fávaro Ogama, pai de Cintia, Luciano e Mário.
Os ancestrais de Hichizo Ogama eram samurais. A família serviu o lorde feudal Yoshimoto Imagawa (1519 a 1560) e, com a queda do clã Imagawa, refugiou-se na terra natal Hatsukura. “Os ancestrais de meu avô samurai serviram Yoshimoto. Meu avô contava que meu bisavô foi compelido a alterar seu sobrenome para Ogama, tendo dedicado o resto da sua vida no templo da vila Hatsukura como monge da Escola Soto Zen. Essa escola reconhece dois emitentes ancestrais como seus fundadores, Dogen Kenji e Keizan Kenji. A essência da Escola Soto Zen foi transmitida da China, há 800 anos, durante o período Kamakura, por Koso Dogen Kenji”, explica doutor Mário.
Estabelecido no Brasil, o imigrante Hichizo Ogama mudou-se mais tarde para Apucarana, no norte do Paraná, onde trabalhou com vendas de terras através da colonização S. dos Dourados D.A.O Paraná, de propriedade do senhor Myamura. “Assim, meu avô comercializava terras do loteamento Diamantina/PR e do Mato Grosso do Sul. Em Londrina, ele residiu na rua Belo Horizonte, 421, onde mantinha um comércio de secos e molhados, nessa época era encarregado da Sucursal Paranaense da Paulista Mimpo. Prestou relevante papel na Associação Japonesa de Londrina, sendo condecorado pelo governo japonês com a comenda de 6º grau da Ordem Zuihosho. A comenda veio do Japão e tem um carimbo particular do imperador Hiroito”, ressalta o neto.
A condecoração de Hichizo Ogama foi em 1978, no consulado do Japão, em Curitiba. Recebeu diversas honranrias e tornou-se monge budista, levando o ensinamento budista em diversos lares e à comunidade londrinense. Mário conta: “Mesmo aos 80 anos, ele tinha vitalidade suficiente para praticar e ensinar Kendo, um bailado japonês da espada, e ainda procurava se exercitar através da caminhada fazendo em média 20 quilômetros diários. Ele fazia cobrança da Associação Cultural e Esportiva de Londrina, indo de casa em casa. Meu avô faleceu em 1979, com 93 anos”, conclui.
Hichizo era pai de Hiroshi e Osamu (falecidos), Shigueru (pai de Mário Ogama), Dayroky e Luiza (falecidos), Teruko Ogama, Fusako, Toshiko e Fumiko.
Mário Ogama ainda recorda: “Quando pequenos, eu e meus irmãos Orlando Kihathiro, Adalberto Tokuo, Merina Kinuko, Emilio Toyokatsu, Francisco Shiguemitsu e Helio, morávamos com os nossos avós em Apucarana. Vim para Londrina com 4 anos e fomos morar próximo à rodoviária. Meus pais se separaram muito cedo e minha mãe foi uma guerreira, criando os sete filhos sozinha, costurando pra fora e cuidando de nós todos. Meus irmãos residem em Londrina e minha mãe faleceu em 2000, com 75 anos. Era e continua sendo exemplo de vida para todos os filhos”, revela.
Os filhos de Ivanir e Mário são casados. “Cyntia, com José Luis Oliveira Brambilla. O casal tem dois filhos, Fellipe e Thiago. Luciano, com Samanta, pais de Sofia, Gabriel e Tayná. Atualmente eles residem no Japão. O outro filho, também morando no Japão, é Mário Ogama Júnior, casado com Heloisa Guabetti Ogama. É difícil ter os filhos longe, mas com a internet e as facilidades que ela oferece, é possível conversarmos todos os dias e nos ver pela webcam. Assim a saudade diminiu”, comenta o protético, que é católico praticante e membro do Santuário Nossa Senhora Aparecida.

Um comentário:

  1. https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/justica-prorroga-prisao-de-investigados-na-48-fase-da-operacao-lava-jato-por-cinco-dias.ghtml

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