segunda-feira, 23 de março de 2009

Matsuzaki, Paulino Guen


“Vim para o Brasil com 22 anos almejando prosperidade. Aqui tive minha família, trabalhei muito, formei os três filhos. Foi uma vida dura, mas valeu a pena. Acabamos ficando e amando o Brasil.”
(Hisanao Matsuzaki)


“A vida da gente é encontrar e conhecer pessoas. Felizes das pessoas que fazem destes encontros uma grande amizade.”




Foi numa manhã de agosto de 1953 que o navio holandês Tisadane aportou em Santos trazendo imigrantes japoneses em busca de uma vida melhor. Em meio a centenas de jovens estava Hisanao Matsuzaki, que deixara uma cidade interiorana da Província de Ehime -Ken.
Hisanao tinha 22 anos ao vir para o Brasil, deixando a namorada, Fumiko, no Japão. Mas por um tempo apenas. Ele almejava aqui prosperar e ganhar dinheiro. Fumiko tinha 16 anos e ficou aguardando o aceno do namorado para aqui aportar. Ela tinha 22 anos quando reencontrou Hisanao. Era o ano de 1960. Ele conta: “Eu vim para o Brasil para trabalhar com meu irmão que já morava aqui, em 1953. Logo que cheguei fui trabalhar na lavoura, na cidade de Pompéia, e depois de batalhar por uns 7 anos chamei a minha namorada que deixei no Japão, a Fumiko, a qual aportou aqui em 1960, quando casamos, e em 1962, nos mudamos para Sertaneja, no Norte do Paraná, onde residimos até hoje”.
Hisanao perdeu o pai quando tinha 11 anos. No Japão, eles trabalhavam numa fábrica de conservação de peixes. “Tivemos uma vida difícil. Meu irmão morreu na guerra e minha mãe ficou viúva muito jovem. Eu sempre trabalhei e cuidei dela. Quando resolvi vir para o Brasil, vim em busca de melhores condições de vida para a minha família. Minha mãe sempre me deu bons conselhos e um deles era para eu aprender a lidar com comércio”, recorda. “Entre esses ensinamentos, ficou na minha memória que, ao comprar alguma coisa sempre pesquisasse e comprasse o mais barato e da melhor qualidade. E ao comprar o material e depois encontrar o mesmo material com preço mais baixo, era pra comprar pelo menos mais um para nunca ficar no prejuízo, mas na média. Infelizmente não consegui retornar ao Japão em tempo de ver minha mãe viva. Eu só retornei às minhas origens 18 anos depois e ela havia falecido. Sou de uma família de 9 filhos”, conta.
Hisanao chegou a morar em São Paulo onde aprendeu português. “Eu trabalhava no centro, no mercado municipal, era atacadista. Em Pompéia trabalhei com representação comercial de cereais. Quando eu já estava melhor financeiramente e empregado, fui para Sertaneja e continuei na mesma profissão. Nós éramos conquistados pelas histórias da “terra roxa” do Norte do Paraná. Por isso acabamos nos mudando para lá. Em Pompéia nasceu meu primeiro filho e os outros dois, em Sertaneja. Hoje estou aposentado e feliz. Visito meus filhos, tenho amigos e moro numa cidade pacata, na qual conheço todo mundo. Quando me mudei para Sertaneja, a cidade tinha 150 famílias japonesas. Hoje, lá residem 30 famílias. Mas eu nunca quis me mudar”, comenta.
Os filhos do casal Fumiko e Hisanao são: Paulino, com 46 anos, Elise, com 44 anos e Wilson, com 43 anos. “Me orgulho dos filhos. Paulino e Wilson são médicos e Elise fez a faculdade de Letras. Os três filhos também estudaram no Japão como bolsistas. Paulino trabalha em Londrina, enquanto que Wilson é médico no Japão e atende bastante a comunidade nipo-brasileira. Elise é professora lá. Já estive no Japão visitando cerca de 120 famílias, buscando notícias de japoneses que para cá imigraram e não puderam mais retornar”, revela.
Dona Fumiko conta que o casal “namorava por carta”. E que ela casou-se oficialmente em 1960 quando veio para o Brasil. Morando em Sertaneja, ela ensinou e continua a ensinar o idioma japonês gratuitamente, colaborando com a comunidade carente. Ela e o marido tiveram uma vida ativa na colônia participando de atividades. “Meu marido foi presidente do clube Niponjinkai de Sertaneja. Hoje, nossa distração são os filhos e os netos Paulo Guen-Iti, Lucas Koji, Larissa Hitomi, que moram no Brasil e Kie, Naoki, Takafumi, Keiko e Aiko que moram no Japão”, faz questão de declarar.
Jogador de beisebol, Hisanao hoje guarda boas lembranças e admira os netos Paulo Guen-Iti, 16 anos, e Lucas Koji, 14 anos, que jogam e dão continuidade ao talento do avô. “Eu sempre gostei demais de jogar beisebol. Mas os anos foram passando e hoje não me sinto apto a jogar. Porém, meus netos jogam e isso me dá uma satisfação enorme.” Orgulhoso da família, ele ressalta que o neto Paulo Guen-Iti foi convocado novamente para a seleção brasileira de beisebol, categoria Júnior, para a disputa do campeonato Pan-Americano de 2008, no Panamá, classificatória para o Mundial de 2009 que deverá acontecer nos Estados Unidos. “Quero ver se o Brasil consegue se classificar, para quem sabe eu possa assitir ao Mundial com o neto defendendo as cores do Brasil”, conclui.

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