segunda-feira, 23 de março de 2009

Oguido, Cristiane Assami Chui


“Admiro a arte marcial kendô. Requer persistência, perfeição, disciplina, postura correta e tem uma bonita filosofia.”
(Cristiane Assami Chui Oguido)




Okinawa é uma província situada no extremo sul do arquipélago japonês, ou precisamente no Arquipélago de Ryukyu. Este é constituído por mais de 160 ilhas dispostas em forma de cadeia, que basicamente podem ainda ser divididas em três arquipélagos principais, os Arquipélagos de Miyako, Yaeyama e Okinawa, totalizando uma área de 2266 quilômetros quadrados. Banhada pelo Oceano Pacífico e pelo Mar da China Oriental, a Província possui uma população de aproximadamente 1.222.500 habitantes. É de lá a família dos avós paternos da médica Cristiane Assami Chui Oguido. “Minha avó Kiku Tamashiro Chui veio para o Brasil com apenas 8 anos. Ela casou-se com meu avô, Tiucho Ogsuko Chui, em Sertaneja (PR), moraram em Terra Rica (PR) numa fazenda de café e, mais tarde, de gado leiteiro. Após todos os filhos terem se casado, mudaram-se para Curitiba onde meu avô viveu até os seus últimos dias. Minha avó tem 81 anos. Tiveram 6 filhos: Shiguero, Yasuyoski, Hiroshi, Luis Toshio, Milton Minoru e Neide Shiguemi. Meu pai, Yasuyoski, casou-se com a minha mãe, Neide, filha de Judith de Paiva e Mitsuo Assami. Meu avô materno era caminhoneiro, ele nasceu no Japão e veio bebê para o Brasil. Sempre foi um batalhador inclusive pela sua saúde. Faleceu após uma luta árdua com a insuficiência renal. Meus avós tiveram 4 filhos: Celso, Célia, Neide e Sérgio. Eu mantenho um contato muito grande com minha avó materna, que mora aqui em Londrina”, conta Cristiane.
Formada em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina, em 1997, Cristiane seguiu os passos do pai, médico anestesista, também formado pela UEL e atualmente trabalhando em Rondônia, sendo presidente da Unimed de Vilhena. Optou pela oftalmologia e subespecializou-se em plástica ocular. “Área que mais opero e atuo”, comenta. “Minha mãe é professora de português e inclusive fui sua aluna nos bancos escolares de Colorado do Oeste (RO), onde passei minha infância. Atualmente não está mais lecionando.” Cristiane casou-se com o dentista Gustavo Oguido, depois de 4 anos de namoro. “Nos conhecemos no grupo de jovens na Igreja Seicho-no-Iê. Sou católica, mas sempre admirei esta filosofia”, ressalta. Como lazer ela pratica Kendô há 4 anos. “Meu marido é professor e praticante há 20 anos. O Kendô é uma arte marcial japonesa praticada pelos samurais. Requer dedicação e persistência”, explica.
A trajetória de vida dos avós de Cristiane soma-se à de tantos outros imigrantes que no Brasil aportaram, sofreram e formaram família. E acabaram ficando por aqui tendo voltado ao Japão apenas para rever familiares. “Minha avó, Kiku, já havia visto meu avô, mas só conversou com ele no dia do casamento. Ela sempre cuidou de todos os afazeres domésticos e ainda conseguia ajudar os filhos com os trabalhos escolares. Ela mesma relata que estudou só até a 4ª série porque seu pai acreditava que a mulher precisava saber cuidar da casa e não estudar. Ajudando meu pai e tios, ao mesmo tempo que ensinava, aprendia. Continua muito ativa até hoje e extremamente forte e lúcida. Meu avô sempre foi um trabalhador, nunca mediu esforços para que meu pai e tios pudessem concluir os estudos e entrar em uma faculdade. Eles sofreram no início, mas nunca deixaram de batalhar. Quando eu nasci, eles já tinham uma condição de vida estável. Nunca os ouvi reclamando de como a vida foi difícil ou coisas do gênero. Eles sempre se mostraram muito gratos por tudo o que haviam conquistado. Meu “ditian” foi um assíduo freqüentador das associações japonesas ACEL e ACROL e sempre teve uma profunda reverência e respeito pelo Japão. Eu sou a neta mais velha da parte paterna e fui até bem “mimada” por eles. Antes do meu “ditian” falecer, eles fizeram viagens para o Japão e várias para os Estados Unidos a fim de visitar meus tios e primos. Minha “batian” continua viajando até hoje. Fez uma viagem para o Japão recentemente”, diz.
A família mantém algumas tradições culturais, entre elas, um oratório montado na casa da avó paterna. Tradição esta também presente na família do marido. “Antes de casar, eu me reunia juntamente com a família do meu pai em Curitiba, agora presto as minhas homenagens e orações aqui em Londrina, na casa dos meus sogros.” Cristiane tem dois irmãos, Renata, advogada, e Eduardo, engenheiro. “E mais dois do segundo casamento do meu pai, o Bruno e o Álvaro, ainda estudantes. Nos damos muito bem, sentimos muito a falta um do outro. E quando conseguimos reunir todos os irmãos no final do ano é aquela festa”, conclui.

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