segunda-feira, 23 de março de 2009

Oguido, Ana Paula Miyagusko Taba
















“Meus pais vão comemorar 48 anos de casados. Ambos têm uma história de imigração vivida pelos meus avós que desbravaram mata, sofreram discriminação, trabalharam arduamente. E eles juntos na lavoura acompanhando toda a luta. Meus pais herdaram dos meus avós a vontade de vencer e deram o melhor em estudos para os filhos. Hoje, meu pai, com 75 anos, e minha mãe, com 72, dançam, viajam e adoram estar com os filhos, genros, nora e os 11 netos. Podem finalmente desfrutar o que a vida tem de melhor. Merecidamente.”
(Ana Paula Miyagusko Taba Oguido)




Mais uma vez o navio Kasato Maru atracava em Santos. O ano era 1918. Era mais uma das viagens sob um céu estrelado. As expectativas por uma vida melhor e próspera enchiam os corações daqueles varonis imigrantes que sentiam o peito oprimido pela tristeza diante da separação iminente do navio de sua pátria. Depois de uma viagem de 12 mil milhas chegavam finalmente ao seu destino. E lá estavam também Maoshi e Kensuke Taba, Nohe e Soburu Miyagusko. Como a grande maioria daqueles japoneses, também almejavam ganhar dinheiro no Brasil e retornar ao Japão. Eles desceram do navio empunhando bandeirinhas japonesas e bandeirinhas brasileiras auriverdes. “Meus avós eram da Província de Okinawa. Aportaram no Brasil esperançosos. Aqui chegando foram levados a trabalhar na lavoura no interior de São Paulo. Meu avô, Kensuke, dedicou-se ao plantio de algodão. Ele e minha avó tiveram os filhos Takeo, Tsugio, Tsuruko e Mario e viveram durante muitos anos na região de Araraquara. Cidade onde meus pais, Mário e Yoneco, se casaram”, relata a filha do casal, a médica oftalmologista Ana Paula Miyagusko Taba Oguido. “Eles acabaram ficando no Brasil e não retornaram ao Japão”, revela.
O casal Yaneco e Mário Taba teve cinco filhos: Maria Rita, Valéria, Silvia, Ana Paula e Mário. “Meu pai trabalhou muitos anos na Secretaria da Fazenda de São José do Rio Preto, onde crescemos e estudamos. Tenho boas recordações de lá porque estávamos sempre unidos. Hoje, minha irmã Maria Rita, pesquisadora, reside na Áustria, Valéria é engenheira de alimentos em São José do Rio Preto, Silvia é médica em Jundiaí e meu irmão é professor na USP de Ribeirão Preto. E eu acabei fixando residência em Londrina onde me casei com Cesar Augusto Oguido e tive duas filhas, Ana Carolina, com 2 anos, e Beatriz, com 9”, conta.
Comemorando 48 anos de casados, Yaneco e Mário moram em São José do Rio Preto, viajam bastante, e desfrutam da companhia dos netos sempre que possível. “Meus pais estão sempre por perto e entre as atividades que praticam está a dança japonesa. Além disso eles gostam de cantar e estão sempre viajando, participando de concursos pelo Brasil. Ambos têm mais de 70 anos e estão com saúde e ativos. Eles sempre serão exemplo para nós. Conservaram algumas tradições japonesas, nos ensinaram a cultura e o respeito aos costumes. E falam fluentemente o idioma. Herdaram dos pais imigrantes a vontade de trabalhar e de vencer e conservam o espírito alegre, sempre com disposição em tudo que fazem”, conclui Ana Paula.

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