segunda-feira, 23 de março de 2009

Miyamura, Taketoshi


“Sempre fui dedicado e detalhista em tudo. Desde criança. Minha mãe me ensinou a ler e a escrever japonês. Me lembro que aos 7 anos, eu treinava o kanji na parede do barracão onde morávamos. Escrevia o ano de 1944 em japonês. Incrível como isso é muito claro na minha memória. Como é claro relembrar meus pais trabalhando duro na lavoura, sempre visando dar o melhor para os filhos.”
(Taketoshi Miyamura)




Ela chegou ainda menina vislumbrando uma nova vida, em busca de prosperidade numa terra completamente diferente daquela em que sempre viveu: Fumiko Nakayama tinha 12 anos quando aportou em Santos vinda no navio Bingo-Maru, em 10 de março de 1929. “Minha mãe era de Yamaguchi-Ken e conheceu meu pai aqui no Brasil. Os dois vieram bem jovens para o Brasil”, conta Taketoshi, o filho primogênito de Kirio e Fumiko Miyamura, que se casaram em 25 de agosto de 1934, quando compraram um sítio de 5 alqueires no interior do Paraná. “Meus pais moraram em Marília e depois se mudaram para o sítio na Gleba Cafezal, entre Cambé e Rolândia. Trabalharam muito na lavoura.”
O imigrante Kirio era natural de Oita -Ken, nasceu em 21 de novembro de 1907 e desembarcou em Santos com 19 anos no dia 25 de junho de 1926. “Ele veio a bordo do navio La Plata Maru. Teve 9 filhos e morreu em 26 de abril de 1991. Aos 83 anos recebeu uma homenagem: o nome de rua no Conjunto Habitacional Novo Amparo”, relata.
Taketoshi nasceu em Londrina, em 10 de julho de 1937, quando a cidade tinha apenas 2 anos e meio de emancipação política. “Foi há 70 anos. Sou pioneiro. E tenho boas recordações da minha infância, apesar da vida dura dos meus pais. Eu os ajudava sempre na lavoura. Me lembro da época da colheita de algodão. Nós tínhamos pouco espaço para trabalhar e meu pai ia colhendo numa fileira, minha mãe, numa outra e eu me esforçava ao máximo para ficar na frente e fazer o trabalho da melhor maneira possível. Não gostava de perder. Sempre gostei de fazer tudo muito bem feito.”
Esta e outras recordações fazem parte da vida de Taketoshi Miyamura, que fez o curso primário no Grupo Escolar Hugo Simas, cursou ginasial no Colégio Estadual de Londrina e concluiu o curso de técnico em contabilidade no Instituto Filadélfia de Londrina, em 1957. “Meu primeiro emprego foi na Organização Nipo Brasileira Ltda, do saudoso senhor Sadao Masuko. Depois fui aprovado no concurso do Banco do Brasil, sendo o primeiro nissei a trabalhar no Banco do Brasil de Londrina. Também fui sócio-fundador da Associação Atlética Banco do Brasil, sócio antigo do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Londrina, sócio-fundador da Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil e da Cooperativa de Consumo dos Funcionários do Banco do Brasil de Londrina e Região Ltda. Hoje, aposentado, minha maior paixão é o golfe. Joguei tênis durante 15 anos, mas desde 1998 jogo golfe, tendo participado em 196 torneios conquistando 41 troféus. Conheço 19 campos de golfe incluindo 2 campos no Exterior’’, completa.
A vida da família Takestoshi começou a ampliar horizontes, quando em 1944, já definitivamente residindo em Londrina, o pai adquiriu uma propriedade de dois alqueires e meio próximo ao córrego Bom Retiro. Depois, em 1946, compraram uma casa na rua Belo Horizonte, onde residiram durante 20 anos. “Eu era criança e me lembro do primeiro prédio de Londrina, o Edifício Durães, onde residia uma família, fundadora do prédio e onde hoje ficam as lojas Riachuelo. Fui um ótimo aluno, sempre curioso, dedicado. Fui das primeiras turmas do Hugo Simas", conta.
O primogênito do casal Taketoshi chegou a cursar a faculdade de Direito, mas abandonou para seguir a carreira de funcionário do Banco do Brasil. Chegou a pensar em cursar arquitetura, mas teria que se mudar para São Paulo. “A vida tomou outros rumos e eu acabei me tornando bancário, o que foi uma excelente opção. Em 1966 casei-me com Sawako, depois de conhecê-la numa festa beneficente na churrascaria Chopim. Eu tinha 29 anos e ela era dona de um salão de beleza”, revela.
Sawako e Taketoshi tiveram 5 filhos: Telma Keiko, engenheira civil da Construtora Tarjab, em São Paulo, Tânia Ayako, engenheira civil da Engineering S/A, em Curitiba, Denise Sayoko, arquiteta, Roberto Takeshi, engenheiro mecânico da Usiminas, em Porto Alegre e Ricardo Tadashi, administrador de empresas, gerente da Pepsico, em Londrina. “Graças a Deus todos os meus filhos estão encaminhados e muito bem. Hoje desfruto da companhia da minha esposa na nossa casa no condomínio Alphaville Londrina Residencial . E como disse, meu hobby principal e o que mais gosto de fazer é jogar golfe. Tanto que a minha esposa resolveu aprender para me acompanhar. Sou um homem realizado e devo muito aos ensinamentos dos meus pais, à dedicação deles para criar os filhos”, conclui.
Taketoshi teve 8 irmãos: Kiyoko, Ikuo, Nobuko, Eiko, Asako, Mario, Takashi e Elio. O nome Taketoshi significa “arma de guerra”. Ele conclui: “Eu me considero uma arma sim. Porém, uma arma de organização. Sou metódico, organizado, gosto de tudo bem arrumado e na mais perfeita ordem. É algo que faz parte da minha vida”.

Um comentário:

  1. Se algum de vocês tiverem fotos do Sadão Masuko e puderem compartilhar alguma história, eu sou neto dele e não sei muito sobre eles e gostaria de saber mais...
    luisfernando.ap@hotmail.com

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