segunda-feira, 23 de março de 2009

Miguita, Luiz Carlos




“Minha mãe sempre falava em ter um filho médico ou engenheiro. Ela foi a minha maior incentivadora. Concretizei o sonho dela.”
(Luiz Carlos Miguita)




“Ao raiar o dia os senhores avistarão as montanhas do continente sul-americano”, estas, as palavras do comandante do navio a vapor Riyodyon, que trazia a segunda leva de imigrantes japoneses para o Brasil. Era o ano de 1910 e entre as centenas de japoneses estavam Tsurue e Tatsuhiko Miguita, Sadame e Kazuto Mori, provenientes de Kumamoto, que tem como sua maior atração turística, o castelo de Kumamoto, uma das construções feudais mais importantes do Japão.
Quem conta a trajetória da família é o médico cardiologista Luiz Carlos Miguita. “Meus avós são sobreviventes de uma epopéia que marcou profundamente suas vidas e aproximou dois países. Tiveram uma vida de muito trabalho desafiando costumes, tradições e idioma. Logo que desembarcou no Porto de Santos, meu avô paterno, Tatsuhiko, foi levado a trabalhar na região de Cafelândia, no Norte do Paraná, onde casou-se com a minha avó, Tsurue, e tiveram 10 filhos. Meu pai, Luis Miguita, foi o primogênito. Meus avós cuidavam da lavoura e meu pai trabalhava numa farmácia em Cafelândia. No início da década de 1940, eles abriram a Farmácia São Paulo, na cidade de Tupã. Meu avô foi um homem respeitado dentro da sociedade de Tupã. Meu pai tornou-se vereador e cidadão honorário de lá. E a minha mãe, Setsuko Mori Miguita, foi a maior incentivadora profissional que tive. Ela queria que eu me tornasse médico ou engenheiro. Optei pela primeira. E hoje sou grato a ela. Amo a minha profissão”, conta.
Em 1961 a família Miguita mudou-se para São Paulo, onde abriu uma farmácia próximo ao Aeroporto de Viracopos. “Meus pais foram com os 4 filhos: eu, Edna Hiroe, Reynaldo e Elizabeth Hiroko. Naquela época eu tinha 14 anos e ajudava na farmácia. Depois fiz a faculdade de Medicina, em Londrina, e me formei em 1973. Sempre achei que uma pessoa se consolida na cidade quando tem uma profissão aliada a uma atividade profissional. Então, eu e um grupo de amigos fundamos o Curso Universitário, em frente à antiga Rodoviária. Era um cursinho voltado aos vestibulandos de Medicina. Foram anos de muito trabalho e também promissores. Durante a faculdade conheci a minha esposa Kessae, que é pediatra. Quando nos casamos, em 1972, ela fazia o terceiro ano de Medicina e eu o quinto ano. Tivemos três filhos: Marco, hemodinamista e cardiologista, Júnior, ecocardiologista e cardiologista e Fernanda, dentista”, conta.
Luis Carlos Miguita também atuou junto ao Londrina Esporte Clube, onde era médico do clube. “Em 1976 fui colaborar com o clube. Hoje, continuo dando uma assistência, participo, avalio. Sempre gostei muito de futebol, participei de vários clubes esportivos, mas parei em 1989. Com os filhos maiores, comecei a acompanhá-los na natação e fui diretor de departamento de natação da Acel. E finalmente, em 1993, optei definitivamente pelo golfe, onde estou até hoje’’, conta.
Miguita foi presidente do Londrina Golfe Club, ajudou a fundar o Royal Golf e em 1999 começou a se dedicar ao grupo da terceira idade da Acel. Foi para a Secretaria do Idoso da Prefeitura e desde 2003 trabalha na Associação Beneficente Galvão Bueno, em parceria com Mildred Galvão Bueno.
“Sempre tive uma admiração muito grande pelos japoneses e pela sua cultura. Pela dedicação ao trabalho e pela contribuição que os imigrantes trouxeram ao Brasil. O Japão valoriza o conhecimento, a educação, uma característica que distingue os japoneses no mundo de hoje. E desde o tempo dos meus avós e pais, o incentivo aos estudos era grande. Meus pais trabalharam arduamente para formar os filhos”, comenta Miguita. O avô materno, Kazuto Iikawa, veio para o Brasil adotado pela família Tomita. Tinha 11 anos e morou com Chiyo e Tomita durante muitos anos no interior de São Paulo, na cidade de Ribeirão Preto. “Meu avô teve 10 filhos. Quando foi se casar com a minha avó Sadame, meu bisavô só tinha filhas. Assim, meu avô adquiriu o sobrenome da minha avó para o sobrenome perpetuar. Meu avô era vendedor de terras e se mudou para Londrina em 1949. Ele faleceu em 1978. Meu pai faleceu em 1989 e a minha mãe tem 82 anos. Está com saúde, lúcida, ativa. Mora em São Paulo.”
Kessae e Luiz Carlos Miguita reúnem-se com os filhos aos domingos para o tradicional almoço. “Quando as crianças eram menores e até adolescentes, nós ajustávamos nossos horários nas clínicas em favor do almoço com a família. E como hoje isso é quase impossível, eu e minha mulher gostamos de tê-los conosco nos finais de semana. Além de corujarmos os netos, Leonardo Esteves Miguita e Gabriela Junqueira Miguita, ambos com 3 anos, a alegria da casa”, conclui.

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