segunda-feira, 23 de março de 2009

Imazu, Lúcia Emiko


“Meus pais fizeram questão de manter as tradições culturais do Japão. Desde a minha infância aprendi a falar fluentemente o idioma japonês, que ainda hoje uso muito, seja por necessidade no trabalho, seja como um carinho com os idosos que me procuram. Isto é uma forma de preservar a minha origem.”
(Lúcia Emiko Imazu)


“Tenho a satisfação de trabalhar há 15 anos com o Padre Haruo Sasaki, no projeto que talvez seja o seu maior legado: a Associação Filantrópica Humanitas, que cuida de pacientes com hanseníase e outras doenças dermatológicas. Quase todo o serviço oferecido é gratuito e a dedicação do padre Sasaki serve de exemplo como determinação, perseverança e amor ao próximo.”
(Lúcia Emiko Imazu)




Sadatoshi Imazu não se lembra de sua viagem a bordo do navio Rio de Janeiro Maru no ano de 1933. Com apenas 1 ano de idade, ele desembarcou no colo dos pais, com mais cinco irmãos. No Brasil a família aportou, trazendo na bagagem poucas peças de roupa, recordações infinitas de Fukuoka e grandes perspectivas por uma vida melhor.
Fukuoka hoje conta com uma população superior a 1 milhão de habitantes e é a capital da província do mesmo nome. Ocupa uma posição importante na administração, educação e comunicação da Ilha, mas naquela época a realidade era muito diferente. As famílias japonesas imigrantes deixavam a terra de origem em busca de condições melhores de vida. E com o clã Imazu não foi diferente. Quem relata a trajetória da família é a médica dermatologista Lúcia Emiko Imazu, que divide seu tempo com o consultório em Londrina e com a Associação Filantrópica Humanitas, em São Jerônimo da Serra, dirigida pelo padre Haruo Sasaki.
Ao chegar ao Porto de Santos, a família Imazu foi direcionada para o Estado de São Paulo. “Meus avós Shizu e Komataro Imazu foram levados para a fazenda Anhumas, na Estação Guariba. Por 3 anos foram colonos, depois se tornaram arrendatários no município de Taiassu. Mas foi em 1940 que eles compraram as primeiras terras em Pirianito, aqui no Paraná, e que atualmente é a cidade de Uraí. A família vivia da lavoura e o avô Komataro queria que ele fosse fotógrafo como o irmão, mas o meu pai se interessava e gostava da parte elétrica de automóveis”, relata Lúcia.
Assim, o pequeno imigrante Sadatoshi cresceu e muito jovem decidiu deixar a lavoura para tentar a vida na cidade como aprendiz de eletricista, aos 20 anos. Finalmente, em 1956, ele abriu a própria oficina que mantém até hoje: a Auto Elétrica Imazu. Sadatoshi casou-se com Miyoko Ishikawa, nissei, nascida em Assaí e com quem teve quatro filhos: Lauro Toshiya Imazu, Maurício Shoji Imazu, Lúcia Emiko Imazu e Mário Akio Imazu. “Meus pais acabaram fixando residência em Rolândia, onde fizeram vasto círculo de amigos. A oficina completa 52 anos.” Em 1988, Sadatoshi recebeu uma homenagem do Ministério do Exterior do Japão pelos relevantes serviços prestados à comunidade japonesa.
Lúcia Imazu tem boas lembranças de sua infância e relata com carinho a dedicação dos pais em prol da família. “Na simplicidade da oficina e com muita determinação meus pais educaram os quatro filhos. Eu e meus irmãos fomos criados num ambiente onde se falava japonês. Aprendemos naturalmente.” Hoje, Sadatoshi, 76 anos, e Miyoko, 71 anos, estão bem, ativos na sociedade nipônica e gostam de ter os filhos e netos por perto. “Sempre estamos com eles”, conta Lúcia, que já esteve no Japão e se prepara para uma próxima viagem ao Oriente.
Formada na Universidade Estadual de Londrina, fez residência em dermatologia em Bauru (SP) e foi bolsista pelo Mombusho na Universidade de Kyoto. Atualmente, desenvolve importante trabalho na área de pesquisa em hanseníase e leishmaniose junto à Associação Filantrópica Humanitas. Lúcia tem duas filhas: Vanessa Monami, com 13 anos, e Andrea Erina, com 11. Os avós maternos de Lúcia, Shizuko e Tsutomu Ishikawa, são provenientes de Hokaido. Vieram para o Brasil recém-casados e aqui tiveram todos os filhos.

3 comentários:

  1. Estou bastante feliz em ler este depoimento. Conheci a família Imazu quando morei em Rolândia. O irmão de Lúcia, Mário Akio sempre foi um grande amigo e seus pais pessoas maravilhosas. Hoje voltei ao Rio Grande do Sul, minha terra, mas sempre lembrode pessoas maravilhosas...
    Abraços, Jacqueline Santos.

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    1. Oi Jacqueline, que bom saber disso, venha nos visitar quando puder, sou neto do Sr. Sadatoshi Imazu, infelizmente ele veio a falecer no mês passado, mas deixa um grande legado para nossa família.
      Yashiro Manuel Imazu.

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  2. Nossa, impressionante a história da familia Imazu!
    Também tive a honra de conhecer alguns integrantes da familia.
    Fizeram e fazem muito pela comunidade japonesa não só em Rolândia, como também em todo estado do Paraná.
    Abraços fraternos!

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