segunda-feira, 23 de março de 2009

Nakama, Roberto Kenzi


“Meu pai era um exemplo de vida. Nós conversávamos muito e ele me ensinou três regras básicas para a vida: ser honesto, ser persistente e ser humilde. Ensinei isso aos meus filhos. É o maior legado que deixarei para eles.”
(Roberto Kenzi Nakama)


Nas noites claras de Okinawa, a pequena Ushii Oguido sentava-se no quintal de sua casa e ficava imaginando a vida dos pais, Seiki e Uta Oguido, que haviam deixado o país de origem para aventurar-se numa terra distante, do outro lado do mundo. Os pais haviam imigrado para o Brasil deixando para trás toda a beleza exuberante daquela pequena ilha de clima tropical e de belas praias. No Brasil, país que reúne tudo isso e um pouco mais, o casal Oguido encontrou também muito trabalho, muita luta, pouco descanso e muita saudade. A pequena Ushii foi rever os pais somente após 18 anos. “Minha mãe e seu irmão mais velho ficaram com os avós ainda bem crianças, conta Roberto Kenzi Nakama, filho de Ushii, hoje com 90 anos. “Minha mãe conserva o dialeto okinawano e o idioma japonês. E tem na memória as recordações da vida com meu pai e que teve início na cidade de Álvares Machado, no interior paulista.”
Filho de Saikin Nakama, também vindo da Província de Okinawa, o jovem Saijo Nakama chegou ao Brasil com 23 anos, solteiro, tendo na mente e no coração um sonho de prosperidade. Não havia sido fácil deixar Okinawa, um lugar rico em tradições e de cultura milenar. E foi aqui que Saijo fincou raízes, casou-se e teve filhos. “Meu pai foi para a cidade de Tabatinga, no interior paulista, a convite de uma família que lá estava residindo. Em 1933, passou por Londrina e aqui trabalhou durante 4 anos com a família Oguido, que tinha um sítio em Rolândia.
Saijo conheceu Ushii em 1937 e tiveram 9 filhos, dos quais 3 faleceram ainda crianças. “Ele sempre quis que todos nós estudássemos. Lembro-me da minha mãe trabalhando na quitanda e meu pai na lavoura. Tinham como objetivo que os filhos terminassem pelo menos o antigo ginasial. Para eles foi uma grata satisfação termos concluído o curso superior. Meu pai morreu em 2007, com 96 anos, e sempre foi uma pessoa muito querida e respeitada por todos. Foi um dos fundadores e primeiro presidente da Associação Cultural e Recreativa Okinawa de Londrina (Acrol), um clube que congrega principalmente okinawanos e seus descendentes, por tradição bastante ligados entre si, porque a ilha de Okinawa é muito pequena e então todo mundo se torna mais próximo’’, conta Roberto.
Segundo filho do casal, o dentista Roberto Kenzi Nakama tem uma bela trajetória profissional e familiar. Nasceu em Álvares Machado e veio para Londrina com 5 anos. Cursou Odontologia na antiga Faculdade Estadual de Odontologia de Londrina (atual Universidade Estadual de Londrina) e é casado com Luiza, também dentista radiologista e professora da UEL.
O casal Luiza e Roberto é católico, mas conserva a tradição japonesa em casa, com um altar para os seus ancestrais. “Minha mãe mora conosco, ela faz questão. E nós respeitamos. Os okinawanos têm esse lado espiritual bem arraigado”, declara.
“Temos 4 filhos: Ricardo, Henrique, Roberta e Ana Luiza, e 8 netos. Cada um tem uma personalidade bem marcante, então não existe tédio nos freqüentes encontros familiares e talvez por isso somos uma família de espírito aberto, mas com princípios que transparecem nas atitudes pessoais e empresariais. Mesmo porque acreditamos que são os princípios que sustentam as ações.”
Entusiasta por esportes, Roberto Kenzi Nakama representou o Paraná em diversos campeonatos de atletismo. Foi campeão intercolonial de salto em extensão e salto com vara e vice-campeão paranaense de judô. Dedicou-se à Associação Odontológica do Norte do Paraná, foi diretor do Conselho Regional de Odontologia do Paraná (CRO-PR), fundador e presidente da Uniodonto de Londrina, presidente da Sociedade Paranaense de Ortodontia.
“Me orgulho de ter recebido uma bolsa do Ministério das Relações Exteriores do Japão. Tomei chá com o então príncipe e agora imperador Akihito, no Palácio Imperial. São lembranças que ficarão eternas na memória”, recorda.
“A família Nakama tem uma história documentada de 450 anos. Essa história, essa tradição tem que ser preservada e sempre lembrada pelos filhos, netos e bisnetos. A história é nossa e é deles também. E será assim, de geração em geração. Por isso, a importância de preservá-la”, conclui.

Um comentário:

  1. Linda a história de sua família eu li até o final adorei Deus te abençoe

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