segunda-feira, 23 de março de 2009

Kamiguchi, Seiichi


“Eu me lembro das festas de São João que fazíamos na fazenda. E onde todos nós, ainda crianças, participávamos. Minha vida foi voltada à agropecuária. Sempre ajudei meu pai, por isso não fiz faculdade. Como filho mais velho, precisava ajudar em casa e contribuir com os estudos dos meus irmãos.”
(Seiichi Kamiguchi)


Era uma manhã gelada de junho quando o navio África Maru aportou em Santos. Entre centenas de imigrantes estavam Naokichi e Fujino Kamiguchi, ele, com 43 anos, ela com 33 anos, mais os quatro filhos. No Japão, na Província de Kagoshima Ken, o imigrante Naokichi trabalhava na agricultura. No Brasil eles esperavam dar continuidade ao trabalho braçal, junto à lavoura, esperando prosperar e quem sabe, futuramente, retornar ao País de origem.
Chegando a Santos, a família foi enviada ao Norte do Paraná, na cidade de Maringá. Lá eles ficaram 3 anos, mudando-se para Mauá da Serra onde fixaram residência e onde atualmente residem os filhos Seiichi, Hiroshi, Minoru, Takeshi, Carlos e Osvaldo com suas respectivas famílias. Todos se dedicam à agropecuária. Dona Fujino faleceu em 2004 e o senhor Naokichi, em 1970. Em menos de uma década, Seiichi Kamiguchi ampliou sua propriedade e começou a produzir soja, trigo e cereais. Se tornou próspero e ganhou prêmios como o de melhor produtor de sementes de trigo, dado pela extinta Cooperativa da Cotia.
“Meu pai contava que precisou trabalhar duro na lavoura de café, carpia, colhia. Em Mauá da Serra, nós plantávamos tomate, cebola e arroz. Depois compramos um terreno e começamos a desbravar terras. Eu, como filho mais velho, ajudava meus pais e por isso, deixei de estudar. Meus irmãos estudaram. Minoru, já falecido, em 1995, era agrônomo. Carlos também é agrônomo, Takeshi é administrador de empresas, Osvaldo é técnico em agropecuária”, relata o filho mais velho, Seiichi.
Dona Fujino, depois de viúva, retornou várias vezes ao Japão para visitar os familiares e participar de encontros de budismo. “Minha mãe era budista e fazia questão de preservar sua crença com rituais. Temos altar e a família fala japonês. Procuramos manter as tradições. Eu participo de um grupo de poesias, Haiku Senryu, tendo ganhado vários prêmios. Herdei da minha mãe essa vocação. Ela sempre escrevia cartas e tinha uma redação linda. Ela foi premiada no concurso Ienohikari, que significa “Luz do Lar”,” completa.
Takeshi, quarto filho do casal imigrante, depois de formado viajou aos Estados Unidos, onde permaneceu como intercambista durante um ano. Shiroshii, concluiu apenas o primário e trabalhou muito abrindo terras. Carlos é sócio de Shiroshii na fazenda e participa do conselho fiscal da sede da cooperativa Integrada. Minoru, em 1977, ganhou bolsa para a Província de Kagoshima, onde estudou durante um ano. Foi representante da Cotia, regional de Mauá. Viajou para os Estados Unidos a fim de fazer estágio e depois atuou como diretor da Cotia. Em seguida fundou a Copanor, com sede em Londrina. Fez um bela carreira, mas, infelizmente, faleceu ainda jovem, com 42 anos.
Seiichi é casado com Yuki, pai de Fernando. Hiroshi é casado com Rosa Tieko, pai de Alberto. Minoru é casado com Alice, pai de Key e Ayumi. Takeshi é esposo de Izabel, pai de Aika, Mika,Miyuki e Shin. Carlos é casado com Marta e tem apenas um filho, Kiyushi.
Entre as diversas funções de Seiichi, está a presidência da Associação Cultural e Esportiva de Mauá, exercida em 1992. Também foi vice-presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná, em janeiro de 2000 e, em agosto de 2002, representou a América do Sul no Encontro Mundial dos Adeptos de Higashi-Honganji (um dos ramos do budismo japonês), em Campinas.

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