segunda-feira, 23 de março de 2009

Shimizu, Akira


“Com 10 anos eu já trabalhava na enxada. Fazia de tudo, plantava café, derrubava mata. Trabalho duro desde criança. Foi esse o legado que meu pai deixou e me ensinou. Hoje, tenho uma vida tranqüila, meu filho toca o restaurante. Mas estou sempre por perto, participando das decisões, cuidando de tudo.”
(Akira Shimizu)




Até à Reforma Meiji, a Província de Ehime era conhecida como Província de Iyo. Antes mesmo do período Heian, a área era dominada por pescadores e marinheiros que tiveram um papel de especial importância na defesa do território japonês contra piratas e contra as invasões mongóis. Depois da Batalha de Sekigahara, o xogum Tokugawa concedeu a área aos seus aliados, entre os quais se incluía Kato Yoshiakira, que construiu o Castelo de Matsuyama, formando o centro histórico da atual Matsuyama. Quem visita a bela Província de Ehime não pode deixar de ir ao castelo, de onde pode-se ter a visão de toda a cidade. Foi lá que viveu Yukiti Shimizu até os 17 anos, quando, a exemplo de tantos outros, deu adeus ao país de origem, vislumbrando uma melhor condição de vida no Brasil. “Meu pai veio com o irmão e os tios para o Brasil. Ele era um adolescente cheio de sonhos e queria fazer dinheiro para retornar. O que não aconteceu. Chegando aqui foi trabalhar na lavoura de uma fazenda no interior de São Paulo, isso na década de 1930. Ele conheceu minha mãe que havia deixado a Província de Yamaguti Ken. Casaram-se e eu nasci em 1936.” Quem relata é o senhor Akira Shimizu, dono do Restaurante Kyodai, em Londrina. Aos 72 anos, Akira é casado com Sadako e tem 4 filhos, Amauri, Silvio, Gilberto e Elisa.
O restaurante fica na rua Gustavo Barroso, no Jardim Shangri-lá. É um local simples, acolhedor e que mantém tradição há mais de uma década. “Abrimos sempre a partir das 18 horas e nossos pratos especiais são o sashimi, sushi, tempurá e teishoku. Meu filho Amauri trabalha comigo e minha nora Rosângela comanda a cozinha”, conta.
A vida do senhor Akira foi difícil. Filho de imigrante, começou a trabalhar na lavoura ainda criança. E trabalhou duro, plantando, limpando, derrubando mato. O pai, logo que pôde, comprou um sítio em Jataizinho onde permaneceu até 1956, quando se mudou com a família para Santos. “Meu pai,quando jovem, estudava e pescava. No Brasil, ele fez amizade com um exportador de peixes. Comprou um barco de pesca em sociedade e se aventurou. Depois de 2 anos retornou a Jataizinho e comprou outra chácara, onde plantávamos tomate e verduras”, recorda.
A mudança radical de vida da família Shimizu aconteceu nos anos 80, quando transferiram residência para São Paulo. “Eu me casei com 28 anos, em 1964. Permaneci 15 anos em São Paulo trabalhando nos melhores restaurantes da cozinha japonesa, no bairro da Liberdade. Fomos para lá atendendo ao convite de um empresário que precisava de uma família japonesa para tocar seu restaurante, o que foi uma experiência muito boa. Quando retornei a Londrina, abrimos o Kyodai, afinal tínhamos toda uma experiência e os filhos acabaram assumindo a cozinha. Nesses anos todos, desde 1996, tem dado certo. Foi uma boa escolha, graças a Deus”, revela.
Akira e Sadako têm 4 netos: Amanda, 14 anos, Camilla, 10 anos, filhas de Gilberto e Mirian, Bruna, 9 anos filha de Amauri e Rosângela, e Bryan, o caçulinha com 1 ano, filho de Silvio e Lilian.

Nenhum comentário:

Postar um comentário