segunda-feira, 23 de março de 2009

Kato, Nilo


“Meu avô veio imigrante para o Brasil em 1914. Deixou os pais em Fukushima e veio acompanhando uma outra família em busca de prosperidade. Tinha idéia de aqui ganhar dinheiro e trazer o resto da família. Infelizmente não foi possível. Ele nunca mais viu os pais.”
(Nilo Kato)


“No Japão nos sentíamos pássaros na gaiola, aqui no Brasil estamos livres, é muito bom poder estar de volta. Viver aqui é muito melhor.”
(Nilo Kato)




A província de Fukushima pertencia à província histórica de Mutsu. Esta região do Japão é também conhecida como Michinoku ou Oshu. E foi de lá que o jovem Nenokiti Kato veio aos 14 anos, com a cabeça e o coração recheados de sonhos em busca de uma terra próspera. Foram dois meses em alto-mar, uma viagem cheia de expectativas divididas com todos os imigrantes daquele navio que aportou em Santos em 1914. “Meu avô era muito menino. Ele imaginava que estando no Brasil conseguiria abrir portas e trazer os pais também. Ou quem sabe, ganhar muito dinheiro e voltar abastado para o Japão. Infelizmente nada disso aconteceu. Chegando aqui, foi trabalhar na lavoura na região de São Paulo, enfrentando as dificuldades da língua, clima, costumes, preconceito”, conta Nilo Kato, neto de Nenokiti e filho de Mituo, segundo filho do imigrante.
Nilo e a esposa, Suely, residiram no Japão e retornaram ao Brasil em 2004. O casal tem uma história de sucesso e de delícias produzindo sabores irresistíveis que encantam os olhos e o paladar, deliciosamente suaves e incomuns, preparados com absoluta dedicação, delicadeza e arte, como o próprio significado do nome Hachimitsu: mel de abelha! “Eu sei da luta dos meus pais para nos criar e dar estudos. Um exemplo que vem lá de trás, iniciado com meus avós”, revela o empresário, que desfruta da companhia dos pais. “Minha mãe, Mamiko, hoje aos 69 anos, e meu pai, Mituo, aos 73, estão aposentados e com saúde. Hoje são os filhos que trabalham. Eles já fizeram muito”, brinca.
Mamiko e Mituo tiveram 10 filhos: Osvaldo, Nilo, Odílio, Silvia, Vilma, Cezar, Jamil, Renato, Márcia e Mônica. “Nascemos em Assaí, onde meu pai tinha um sítio. Fomos criados lá. E só viemos para Londrina na idade de estudar. Na cultura japonesa sempre é o filho mais velho que dá continuidade ao trabalho do pai. Porém, meu tio, o primogênito, quis trabalhar no comércio e deixou o legado da fazenda para o meu pai, que trabalhou muito para dar estudos aos filhos.
Nilo herdou do pai o mesmo empenho e é um dedicado empresário, soube arriscar e agora, depois de 3 anos, tem colhido bons frutos. “Vai dar certo e eu consigo, este é um lema para que as coisas andem rumo a um bom lugar. Se no tempo dos meus avós e pais era tudo mais precário e difícil e eles conseguiram, por que eu não conseguiria? É preciso acreditar naquilo que se faz, ter dedicação, se cercar de conhecimento e informação. E nunca ser negativo”, conclui. O casal Suely e Nilo tem um filho, Hugo Hideki Kato, nascido em Hiroshima, em 1995. Os avós maternos de Nilo são Ivazo e Tetsuyo Sato.

Um comentário:

  1. Estou encantada com a história da família e dedicação e proficionalismo que dedicam a pelo menos ,o meu, paladar!

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