segunda-feira, 23 de março de 2009

Koike, Alexsandro


“Meus pais contam que tiveram uma vida dura no Brasil. Mas nunca esmoreceram, criaram os filhos, deram estudos, uma boa educação. Nunca se esqueceram dos parentes que ficaram no Japão. Porém, adotaram o Brasil como o país de coração, onde nasceram os 8 filhos.”
(Adília Koike)


“Houve uma época onde não se conhecia nada além das fronteiras de seu país. Televisão, algo inimaginável. Internet, palavra inexistente. Rádio, só para poucos. Fotografia era novidade. A notícia era transmitida boca a boca e pelos jornais. Noticiavam-se terras estranhas, além-mares, onde a prosperidade vingava e dava ao imaginário popular a visão de um paraíso onde não existiam vulcões, terremotos, furacões ou frio. Terra tão generosa e fértil com campos verdejantes o ano todo. Que lugar era esse? Era uma terra de oportunidades.”
(Adília Koike)




Nas noites estreladas a bordo do Kooti Maru – um dos grandes navios procedentes do Japão que desembarcaram milhares de japoneses no Porto de Santos a partir de 1908 –, o jovem Hatio Koike sonhava com uma vida próspera num país que aparentava ser o porto seguro onde, falava-se, “dinheiro brotava em árvores”. Cheio de esperança ele deixou a cidade de Fujimi, na Província de Nagano-Ken, visando conquistar estabilidade financeira. Porém, a realidade era bem diferente. “Ele talvez não imaginasse que existisse um lugar tão longe e que demorasse tanto para chegar. Talvez até imaginasse que o imenso Japão poderia ser navegado de ponta a ponta em uma semana. No Brasil, as famílias japonesas esperavam enriquecer e não imaginavam que chegando aqui teriam que tabalhar duro na lavoura sofrendo preconceito, lutando com a diferença cultural”, relata Adília Koike, filha do casal de imigrantes.
Hatio desembarcou no Porto de Santos em 20 de abril de 1928. Foi direcionado à Hospedaria dos Imigrantes, no bairro Vila Nova, em seguida cadastrado e encaminhado para o Norte do Paraná. “Minha mãe, Nobuko Hiruma Koike, veio ao Brasil com 13 anos de idade, com toda a família, em maio de 1928 e nas mesmas condições”, conta Adília. “Ao invés de prosperidade e riqueza, esses imigrantes encontraram um trabalho duro, pouco promissor. Iniciava-se, assim, a luta pela sobrevivência. “A situação ficou complicada porque sem dinheiro como eles retornariam ao Japão? E pela resistência da cultura milenar trazida com eles, meus pais ficaram e deram o melhor de si”, completa.
Nobuko e Hatio casaram-se em 2 de maio de 1932 e estabeleceram residência em Cambará, na Fazenda Bacará. Tiveram 8 filhos. “Todos nós estudamos e realizamos o sonho dos meus pais que tiveram anos de trabalho árduo.”
Cheios de esperança e muita dedicação ao trabalho, passaram por um processo de adaptação sociocultural. As condições eram precárias, tanto de moradia como de alimentação. “Foram anos muito difíceis para os imigrantes. Trabalharam com afinco. Nessa fase aconteceu um êxodo dos imigrantes porque muitos não se adaptaram. Porém, meus pais encontraram nos filhos a força necessária para vencer num país completamente estranho e que mais tarde tornou-se o país deles também”, conta Adília.
Hatio Koike faleceu em 1989, aos 81 anos, e Nobuko Hiruma Koike, em 1998, aos 83 anos. Deixaram os filhos Seiiti, Yutaka, Toshio, Kanuto, Kasuko, Shizuo, Adilia Kiyoko e Paulo. “Mas nós todos estávamos sempre com eles, preservando nossa história. Meus pais tiveram 24 netos e 15 bisnetos”, conclui.
Seiiti Koike e Thereza Ogawa Koike, pai e mãe de Alexsandro Koike, se conheceram e casaram em Uraí e tiveram 5 filhos: Margarida Midori, Hugo Shiguekazu, Martha, Edson Takeshi e Alexsandro.

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