sexta-feira, 20 de março de 2009

Tanaka, Sérgio Akio


“Sou filho de mãe brasileira e pai descendente de japonês. Mas gosto dos costumes e tradições orientais. Meu avô é filho de imigrantes e veio para o Brasil muito jovem. Ele tem histórias que valem a pena ser contadas.”
(Sérgio Tanaka)


“Não voltaria ao Japão. Nem tive vontade enquanto era moço. O Brasil é a minha terra.”
(Takeo Tanaka)


Foi em meio à Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, que nasceu Takeo Tanaka, na Província de Fukushima, onde morou até os 14 anos. Filho de Matio e Busaemon Tanaka, o jovem Takeo viu sua vida mudada do dia para a noite. A guerra havia provocado grandes alterações na vida econômica e social do Japão. Como a economia ocidental estava absorvida na produção de material de guerra, o Japão foi capaz de produzir para os novos mercados do ocidente e principalmente da Ásia.
Com o fim da guerra, as exportações desceram rapidamente e a inflação dos tempos de guerra abriu caminho para uma nova era de queda de preços. Num esforço para se manterem competitivas no setor moderno, as empresas aumentaram os investimentos e procuraram atingir um maior grau de produtividade. Contudo, o mesmo processo aumentou a diferença entre salários e qualidade de vida entre os operários do setor moderno e do setor tradicional. Isso repercutiu diretamente na vida das famílias japonesas que, sem recursos e esperançosas por uma nova vida em terras brasileiras, onde “brotava dinheiro em árvores”, deixaram seu país de origem. Os pais de Takeo Tanaka aportaram no Brasil em 1929 quando pesava sobre eles a crise econômica pós-guerra.
Os anos 20 marcaram um grande colapso econômico. Paralelamente, naquela época, acontecia a nova fase de expansão do café no Brasil, que exigia mais braços para a lavoura. A história dos imigrantes Tanaka não foi diferentes da dos outros japoneses que no Brasil acabaram ficando e constituindo famílias. Porém, o peixeiro Busaemon Tanaka teve uma condição de vida melhor. Seu irmão residia no interior paulista, era bem-sucedido e deu todo apoio ao irmão e cunhada, oferecendo trabalho em sua própria terra.
Já com uma certa dificuldade para falar e escutar, mas com boa memória para lembrar dos tempos de sua juventude, Takeo Tanaka, 92 anos, conta a sua viagem no navio que o trouxe ao Porto de Santos. “Eu tinha 14 anos. E brincava jogando pingue-pongue com as outras crianças. Ficamos 2 meses viajando em alto-mar e conosco estavam cerca de mil pessoas. No Brasil meus pais deram duro. Trabalharam na lavoura. Aos 26 anos, já na cidade de Guararapes (SP), casei-me com Nao e tivemos 9 filhos: Luis, Madalena, Hélio, Marina, Paulo, Pedro, Roberto, Arlindo e Jorge”, conta.
Foi em 1966 que a família Tanaka estabeleceu-se no Norte do Paraná. “Em 1974 viemos para a colônia Esperança, em Arapongas. Depois que me aposentei fui morar com a minha filha Marina com quem estou até hoje”, conta Takeo. Marina é costureira e reside em Arapongas há 33 anos. A mãe, Nao Azuma Tanaka, é falecida. Nao e Takeo têm um bela trajetória de vida e companheirismo. Estiveram juntos durante 62 anos. Tiveram 16 netos e 7 bisnetos.
Sérgio Akio Tanaka, neto do imigrante, é filho de mãe nascida em São Paulo, com avós maternos alagoanos e pai descendente de japonês. Fisicamente tem um pouco dos dois e aos 37 anos aparenta menos idade. É casado com Simone Sawasaki Tanaka e pai de Serginho, com 3 anos. “Meus pais, Izaura e Luis, moram em São Sebastião da Amoreira (PR), mas se conheceram em Guararapes (SP). Eles enfrentaram barreiras para se casarem. Naquela época o preconceito era algo muito forte. Tiveram que enfrentar a discriminação, mas o amor prevaleceu. Estão casados há 40 anos e felizes”, conta Sérgio, que se recorda da infância e juventude desfrutadas em uma fazenda perto de São Sebastião da Amoreira, onde o pai administrou as fazendas da família Lunardelli durante 25 anos. “Eu era bem jovem e adorava jogar futebol. Cresci numa cidade pequena e isso favoreceu uma infância divertida e tranqüila onde eu pude estar em contato direto com mais japoneses, aprendendo e vivendo a cultura deles.”
Sérgio bateu recordes em atletismo e participava dos eventos japoneses que a colônia realizava. Mas se recorda com carinho de uma atividade que adorava, o Undokai. E explica: “Trata-se de uma gincana esportiva familiar porque participam desde as crianças menores até o avô mais idoso. Esportiva porque envolve atividades físicas como, corrida do ovo na colher, cabo de guerra, rolar no tambor, baseball e softball. E gincana porque são distribuídos prêmios. O espírito do Undokai é a confraternização. Dura o dia inteiro e as famílias levam o bentô [farnel] de casa como se fosse um piquenique”.
Sérgio tem 5 irmãos: Cláudia, Kimiko, Flávio, Anderson e Adriana. “Alguns moram no Japão, outros em cidades diferentes. Mas a gente procura sempre estar em contato. Meus pais continuam residindo em São Sebastião da Amoreira onde são comerciantes. Sérgio é especialista em gestão empresarial pelo Instituto Superior de Ensino em convênio com o IESE, de Barcelona, tem mestrado em Ciência de Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pós-graduação pela UEL, nas áreas de Redes de Computadores e Banco de Dados e em Análise de Sistemas pela UniFil. É engenheiro de software certificado em 5 tecnologias pela IBM Rational. É coodenador da graduação e pós-graduação da área de computação da UniFil e diretor da AUDARE - Engenharia de Software. Também é professor de cursos de pós-graduação na UEL, Unipar, Unopar, Cesumar, Senai-SC, Senai-PR e Senai-RS.”

2 comentários:

  1. Uma linda historia de vida!!
    Eu e meu marido, com sobrenome também Tanaka procuramos muito por mais detalhes sobre a vida de seu Avô Takeo Tanaka, e entramos no blog com esperança de conseguir alguma informação! A história é muito similar, muito forte assim como a do Avô de meus esposo, não são a mesma pessoa mas só fato de terem vivenciado coisas muito parecidas e na mesma época nos reporta ao passado de luta e conquistas dos Imigrantes Japoneses que aportaram aqui e que são o orgulho e exemplo para seus descendentes.

    "Volta teu rosto sempre na direção do sol, e então, as sombras ficarão para trás."


    Marlyn e Fabrício.
    fabriciotftanaka@gmail.com

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  2. Eu nasci em Arapongas PR em 1956
    ... conheci alguns membros da família
    Tanaka atrves de uma familia de Polone
    ses de sobr nome Pianosque

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