sexta-feira, 20 de março de 2009

Tsuruda, Arnaldo Mikio


“Eu me lembro que no navio, durante nossa viagem de Kobe a Santos, havia muitas crianças. Eu tinha 5 anos e gostava de brincar de puxar corda. Dormíamos em camas beliche e a viagem era uma grande aventura. Tenho boas lembranças. Mas também me lembro de minha mãe enjoando muito e passando mal. Ela estava grávida e o balançar do navio a deixava de cama. Nós chegamos ao Brasil em 1935.”
(Iza Tsuruda)




A família de Tomoe e Iza Tsuruda começou em 1952 quando o casal teve o primeiro filho, já no Brasil, na região de Três Bocas, no interior do Paraná. Filhos de imigrantes, ele encontraram uma vida dura num país que, comentava-se, “dava dinheiro em árvores”. Os pais de Tomoe e Iza, convencidos e conquistados pelo sonho de prosperidade, imigraram na década de 1930 deixando o Japão, e, com ele, hábitos, costumes, tradição, idioma e família. Tomoe faleceu há 30 anos e Iza, aos 78 anos é uma senhora ativa, lúcida e que não dispensa as aulas de alongamento quatro vezes na semana. O casal teve 8 filhos: Hatsue (falecida), Luiza, Clarice, Cláudio, Arlindo, Elisa, Arnaldo e Regina.
A história da imigração é contada por dona Iza, proveniente de Saga Ken, com os pais Shizu e Tahei Matsumoto. Ela veio com os irmãos Missuko e Sadao. “Logo que aportamos em Santos fomos enviados para Araçatuba, numa fazenda de parentes “Nakanishi” e que plantavam café e algodão. Eu era muito criança, tinha 5 anos. Lá, meus pais trabalharam durante 12 anos. Eu ajudava a minha mãe, Shizu, na cozinha. Ela acordava muito cedo, lá pelas 4 da madrugada, preparava o almoço e saía para a lavoura. Tinha uma escola na fazenda, onde aprendi o português. Depois de 12 anos nós nos mudamos para o Norte do Paraná, num sítio que ficava em Três Bocas. Eu já tinha 16 anos e ajudava muito meus pais. Conheci meu marido Tomoe nessa época quando nos casamos. Foi no estilo “miai”, como a maioria dos casamentos daquela época. Ele era de Ibiporã e também trabalhava na lavoura. Eu o ajudava muito e o nosso primeiro filho nasceu em 1952”, recorda.
Depois de residir em Três Bocas, a família Tsuruda foi para Guaravera onde permaneceu 30 anos.” Nós compramos um sítio. Infelizmente meu marido morreu moço e eu fiquei sozinha criando todos os filhos. Foi uma época difícil”, conta. Os pais de Tomoe Tsuruda, sogros de Iza, também imigrantes, se chamavam Kamesuke e Toko Tsuruda. “Meu sogro era marinheiro. Ele lutou na Segunda Guerra Mundial”, ressalta.
Adepta aos costumes, a imigrante Iza atualmente reside com a filha Regina, não dispensa o ritual de orações aos antepassados, já esteve no Japão revendo a família e faz questão de preservar a tradição de reunir-se com filhos, noras, genros, netos e bisnetos. “Minha família é grande. Tenho 20 netos e 4 bisnetos”, revela orgulhosa. “Clarice é bibliotecária, Elisa, contadora, Arnaldo, empresário. Cláudio e Regina trabalham com ele. Meu filho Arlindo está no Japão e a Luiza mora no sítio em Guaravera. Meus filhos estudaram, consegui criá-los, dar uma boa educação. Mesmo sozinha, dei conta, e hoje posso desfrutar da companhia de todos.”
Arnaldo, um dos filhos, é conhecido em Londrina por sua maior especialidade: cachorro-quente. Fica difícil alguém não ter experimentado ou pelo menos escutado falar sobre o “cachorro-quente do Arnaldo”. Foi em 1991 que ele começou com um carrinho de cachorro-quente e uma chapa pequena. “Eu precisava de uma fonte de renda e naquela época estava surgindo uma nova tendência de comer cachorro-quente ao invés dos lanches tradicionais. Paralelamente estava no auge os descendentes japoneses irem para o Japão para trabalhar e ganhar dinheiro. “Os dekasseguis eram muitos. E eu quase fui. Mas optei pelo cachorro-quente”, comenta o empresário que começou timidamente na Avenida JK em frente ao muro do Colégio Estadual Vicente Rijo. Hoje, as lojas da Avenida Bandeirantes e a filial na Avenida Maringá estão excelentes, conta com o apoio de sua esposa com a qual é casado há 14 anos, seus dois sócios, e ajudantes. “Minha esposa, Fabiane, meu irmão Cláudio e meu amigo Pedro estiveram sempre comigo. Eles vieram somar e graças a Deus posso dividir também as tarefas e responsabilidades”, diz o empresário, pai de Bruna Natalia, 19 anos, Fabricia Thiemy, 14 anos e Yan Hisashi, 6 anos. A esposa, Fabiane Komukai Tsuruda, também descendente de japoneses, é filha de Elizabeth e Tamon Komukai. “Meus avós Hisashi e Iassini Komukai são imigrantes, vieram da província de Iwate”, conta ela.
Os netos de Iza Tsuruda são: Flávio, Rodrigo e Fernando Kikuchi, Kaori, Yumi,Fábio e Tatiane Sato, Marcelo e Anderson Takehana, Fernanda, Fabiano e Yuri Tsuruda, Cláudia e Tiago Tsuruda, Bruna, Fabrícia e Yan Tsuruda, Júlia e André Kanno, e Leonardo Piantavinha. Os bisnetos: Tiemi, Vitor Hugo, Giovanna e Carlos.

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