segunda-feira, 23 de março de 2009

Numata, Shinichi


“Foram 56 dias de viagem. Passamos pela China, Singapura, Índia, África, paramos em 10 portos antes de chegar ao Brasil. Me lembro que em dado momento da viagem, por causa do mar bravio, todo mundo passou muito mal, todos enjoados por causa do chacoalhar das ondas”.
(Shinichi Numata)




O imigrante Shinichi Numata era um jovem adolescente quando pisou pela primeira vez em solo brasileiro. Ele viajou a bordo do navio Arizona Maru, em 1933. Lúcido, conversador, escritor, ele se lembra muito bem da viagem que durou dois meses em alto-mar. “Eu nasci em 15 de abril de 1918 na cidade de Sapporo, capital da província de Hokkaido, e imigrei para o Brasil em maio de 1933. Meu pai havia comprado terras na região de Registro, no Estado de São Paulo, na colônia Sete Barras. Minha família, num total de nove pessoas, embarcou no navio Arizona Maru e em julho desembarcamos em Santos. Comigo vieram os seis irmãos, mas ficamos apenas 10 meses naquela região”, recorda o patriarca Numata.
O pai de Shinichi, o senhor Koichiro Numata, não havia gostado da terra na região de Registro e, em conversa com outros conterrâneos imigrantes, resolveu, na companhia de dois amigos, se mudar para o Norte do Paraná, vencendo montanhas e vales no seu trajeto. Quando chegaram a Londrina resolveram comprar quatro alqueires. “Aqui eles desmataram a mata virgem recém-adquirida e construíram um barraco rústico para a nossa moradia com a colaboração dos familiares”, explica. Para a família Numata, que em Hokkaido administrava uma fábrica de doces, o trabalho de desmatamento era pesado.”Foram tempos difíceis, de trabalho árduo”, revela.
Depois que Koichiro Numata faleceu, deixando viúva a senhora Taka, a família comprou 17 alqueires de cafezal na região de Frazer, próximo à fazenda de Simon Frazer. Na região de Chuo-ku, Shinichi comprou mais quatro alqueires de terra do seu vizinho e em 12 de julho de 1941, casou-se com Sotoe Yamamoto . Ele e o irmão mais velho Teisaku, já independentes nas atividades agrícolas, prosperaram. Os irmãos, sabendo de um fazendeiro alemão da região de Rolândia que estava vendendo suas terras, resolveram adquirir mais uma propriedade e fixaram residência de vez no Paraná. Aos poucos foram adquirindo mais terras chegando a mil alqueires.
O imigrante Shinichi residiu por alguns anos próximo a Rolândia e em 1953 mudou-se para Londrina. “Trabalhei muito para dar estudos aos filhos Hoje tenho 90 anos e minha esposa, 89. Nós nos casamos em 1941 e tivemos quatro filhos: Mário Kosu, Irene Takae, Mirian Tomoko, Janete Massaro. Já aqui em Londrina , minha família construiu uma escola na Colônia Central, denominada “Chuoko Shogako”. Nós morávamos na colônia e só viemos para a cidade em 1953, quando fomos residir numa casa na rua Souza Naves. Nos mudamos por causa dos filhos que precisavam estudar em bons colégios”, ressalta.
O casal Shinichi e Sotoe comemorou Bodas de Diamante, em 2001. “Os filhos e netos fizeram uma festa para comemorar os 60 anos de casados. E ganhamos um livro em nossa homenagem, contando a trajetória da família”, conclui o senhor Shinichi, avô de Fábio Tetsuya, Miriam, Celso, Diogo, Fernanda, Denise, Joyce, Deyse e Elber.
A família de Sotoe Yamamoto Numata é da região de Ebetsu, no Japão. Ela nasceu em 28 de outubro de 1919. Shinichi Numata tem 10 livros editados, recebeu a comenda de Cidadão Honorário da Câmara de Vereadores de Londrina e a Medalha de Honra do Cônsul Geral do Paraná intitulada Kyokujitsu Soko-Sho. Durante muito tempo o casal foi participante das atividades da Acel e da colônia japonesa em Londrina. Hoje, o casal desfruta do convívio dos filhos e netos e o senhor Shinichi continua a escrever. Em breve pretende lançar outro livro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário