sexta-feira, 20 de março de 2009

Tanaka, Rosa Toshiko


“Minha mãe contava que havia sido uma viagem alegre, de Kobe ao Porto de Santos. Ela guardava boas lembranças dos dias em que esteve a bordo do navio Manira Maru. Faleceu aos 91 anos deixando um belo exemplo para os 8 filhos. Minha mãe era uma mulher linda. Tanto fisicamente como espiritualmente.”
(Rosa Toshiko Maeda)



Yassuki e Harue Tanaka são provenientes de Kumamoto Ken, da cidade de Kamoto Gun. Foi lá que eles passaram a infância e a adolescência, antes de imigrarem para o Brasil, em 1924. Vieram casados trazendo um filho com 3 anos, Massaru Tanaka, já falecido.
No Brasil foram enviados para Vitória, no interior de São Paulo, comarca de Botucatu, onde ficaram até 1939, trabalhando de sol a sol na plantação de algodão e milho. “Depois meus pais compraram terras no norte do Paraná e foram morar em Águas da Lindóia, onde derrubaram muita mata e plantaram café. Com o passar dos anos meu pai prosperou, se tornou bem-sucedido. Ele comprou o primeiro carro da colônia central, onde residiam, construiu uma casa enorme e bonita, onde moramos por muitos anos”, conta Rosa Toshiko Maeda, filha do casal imigrante. “Somos oito irmãos: Massaru, Mitiko, Iwao, Tieko, Toshiko, Kashiko, Takashi e Hayako.”
A família lá permaneceu até meados de 1950, pois comprou uma casa na Rua São Vicente para ficar perto da escola e era dona de sítios em Londrina e Uraí. “Eu carregava sacas de 60 quilos de café, puxava cavalo, entre outros trabalhos no sítio, sempre ajudei meus pais. Deus me deu muita saúde. Estudei japonês e fui para o internato em São Paulo, onde aprendi corte e costura e etiqueta, meus pais faziam questão de manter as tradições. Meu pai era o líder da comunidade japonesa e a minha mãe foi líder da Igreja Budista de Londrina. Ela foi homenageada pela ACEL como a “Mãe do Ano” e recebeu nome de rua na cidade de Londrina. Faleceu com 91 anos”, conta Rosa.
Também no ano de 1968, Rosa casou-se com Paulo Takushi Maeda com quem teve os filhos Tiemi Adriana, Paulo Rogério Tsukassa e Ana Paula Tammi. “Eu conheci o Paulo nas brincadeiras dançantes em Londrina. E sempre gostei muito de carnaval. Não perdia as noites de folia da Acel. Bons tempos aqueles. Quando nos casamos fui morar com meus sogros numa casa pequena, mas com um imenso quintal, onde meus sogros cultivavam verduras para consumo e vendas, na rua Maragogipe. Eu costurava, vendia jóias, ajudei meu marido a se formar na Faculdade de Direito. Quando ele se formou nós tínhamos dois filhos. Sempre participamos ativamente da colônia japonesa. Fiz parte da igreja budista e mantive meus filhos a estudarem a língua japonesa e minha filha Tiemi na escola de dança japonesa. Quando solteira, dei aula de japonês para crianças”, completa.
Rosa e Paulo têm quatro netos: Otoniel Yoshiki, Paulo Takushi, Tiago Tsukassa e Paulo Guilherme Yuji.
Durante 18 anos, Rosa foi radialista. “Eu comandava um programa de música japonesa, onde informava a colônia das novidades e notícias do Japão e Brasil. E sempre estive envolvida com as atividades em torno das comemorações da imigração japonesa, trabalhando em jantares e outros eventos”, diz.
O pai, Yassuki Tanaka, em 1958, por ocasião da vinda do imperador ao Brasil para as comemorações da imigração, emprestou seu carro Pontiac, verde, conversível, para o desfile oficial pelas ruas de Londrina. A comitiva toda estava nele. “Meu pai era um homem de visão. Naquela época ele trazia teatros japoneses que assistíamos na colônia. Adorava dançar hakodan, um estilo de dança japonesa que a minha mãe ensinava às outras moças da colônia a dançar. Minha mãe contava que ao chegar no Brasil sofreu muito com todas as diferenças de cultura, comida, idioma, tradição. Mas superou. Com o tempo eles aprenderam a amar o Brasil e, graças a Deus, prosperaram. Apesar das dificuldades, tivemos uma boa vida. Meus pais trabalharam muito para criar os filhos, dar estudos. E quando minha mãe teve a oportunidade de visitar seu país de origem, retornou dizendo: ‘O Brasil é um país abençoado, uma terra próspera. O Japão que nos abriu esse horizonte’.”
“E deixaram um grande legado”, conclui.

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