“Meus pais vão comemorar 48 anos de casados. Ambos têm uma história de imigração vivida pelos meus avós que desbravaram mata, sofreram discriminação, trabalharam arduamente. E eles juntos na lavoura acompanhando toda a luta. Meus pais herdaram dos meus avós a vontade de vencer e deram o melhor em estudos para os filhos. Hoje, meu pai, com 75 anos, e minha mãe, com 72, dançam, viajam e adoram estar com os filhos, genros, nora e os 11 netos. Podem finalmente desfrutar o que a vida tem de melhor. Merecidamente.”
(Ana Paula Miyagusko Taba Oguido)
Mais uma vez o navio Kasato Maru atracava em Santos. O ano era 1918. Era mais uma das viagens sob um céu estrelado. As expectativas por uma vida melhor e próspera enchiam os corações daqueles varonis imigrantes que sentiam o peito oprimido pela tristeza diante da separação iminente do navio de sua pátria. Depois de uma viagem de 12 mil milhas chegavam finalmente ao seu destino. E lá estavam também Maoshi e Kensuke Taba, Nohe e Soburu Miyagusko. Como a grande maioria daqueles japoneses, também almejavam ganhar dinheiro no Brasil e retornar ao Japão. Eles desceram do navio empunhando bandeirinhas japonesas e bandeirinhas brasileiras auriverdes. “Meus avós eram da Província de Okinawa. Aportaram no Brasil esperançosos. Aqui chegando foram levados a trabalhar na lavoura no interior de São Paulo. Meu avô, Kensuke, dedicou-se ao plantio de algodão. Ele e minha avó tiveram os filhos Takeo, Tsugio, Tsuruko e Mario e viveram durante muitos anos na região de Araraquara. Cidade onde meus pais, Mário e Yoneco, se casaram”, relata a filha do casal, a médica oftalmologista Ana Paula Miyagusko Taba Oguido. “Eles acabaram ficando no Brasil e não retornaram ao Japão”, revela.
O casal Yaneco e Mário Taba teve cinco filhos: Maria Rita, Valéria, Silvia, Ana Paula e Mário. “Meu pai trabalhou muitos anos na Secretaria da Fazenda de São José do Rio Preto, onde crescemos e estudamos. Tenho boas recordações de lá porque estávamos sempre unidos. Hoje, minha irmã Maria Rita, pesquisadora, reside na Áustria, Valéria é engenheira de alimentos em São José do Rio Preto, Silvia é médica em Jundiaí e meu irmão é professor na USP de Ribeirão Preto. E eu acabei fixando residência em Londrina onde me casei com Cesar Augusto Oguido e tive duas filhas, Ana Carolina, com 2 anos, e Beatriz, com 9”, conta.
Comemorando 48 anos de casados, Yaneco e Mário moram em São José do Rio Preto, viajam bastante, e desfrutam da companhia dos netos sempre que possível. “Meus pais estão sempre por perto e entre as atividades que praticam está a dança japonesa. Além disso eles gostam de cantar e estão sempre viajando, participando de concursos pelo Brasil. Ambos têm mais de 70 anos e estão com saúde e ativos. Eles sempre serão exemplo para nós. Conservaram algumas tradições japonesas, nos ensinaram a cultura e o respeito aos costumes. E falam fluentemente o idioma. Herdaram dos pais imigrantes a vontade de trabalhar e de vencer e conservam o espírito alegre, sempre com disposição em tudo que fazem”, conclui Ana Paula.
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